sexta-feira, 25 de abril de 2025

Não foi por falta de aviso - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Lula sob pressão por pedras cantadas: INSS, asilo a condenada no Peru e troca nas Comunicações

Tempos difíceis para o presidente Lula, que enfrenta três grandes solavancos numa semana que, com o feriado prolongado, tinha tudo para ser calma. Não foi. O escândalo do INSS envolve até R$ 8 bilhões, o jovem deputado Pedro Lucas, do União Brasil do Maranhão, esnobou o Ministério das Comunicações e a Câmara convocou o chanceler Mauro Vieira para explicar o polêmico asilo para a ex-primeira dama do Peru.

Uma palavra maldita e sensível para Lula e PT ronda os três casos: corrupção. O do INSS é como em merenda escolar, ambulâncias ou vacinas, porque atinge aposentados e pensionistas, que trabalharam muito e recebem pouco na velhice. O das Comunicações tem origem no primeiro ministro, Juscelino Filho, denunciado por desvios. E a asilada peruana Nadine Heredia foi condenada por propinas da... Odebrecht, atual Novonor.

Corrupção no INSS não é novidade e a atual, com descontos não autorizados pelos beneficiários, começou no governo Bolsonaro e explodiu no de Lula. Não por falta de aviso. Carlos Lupi, da Previdência, foi ministro do Trabalho no segundo mandato de Lula e, mantido por Dilma Rousseff, caiu por desvios com ONGs. E a PF, a CGU e o TCU já vinham alertando para o escândalo, ao menos, desde 2024.

Nenhuma providência foi tomada e Lula teve de demitir o segundo presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, é pressionado a se livrar de Lupi e está sujeito a uma CPI – se é que a oposição quer CPI que pode chegar ao governo Bolsonaro. E a guerra na internet? Se foi a PF de Lula que desbaratou tudo, não interessa, o que pesa é a versão.

Já a troca nas Comunicações exibe a fragilidade de Lula e a força dos partidos ditos “aliados”, como o União Brasil, que juntou DEM e PSL, velhos inimigos do PT, mas hoje têm ministérios e dão votos ao governo. Lula precisa deles e foi Davi Alcolumbre, presidente do Senado e cacique do UB, quem indicou o primeiro, o segundo e agora o terceiro ministro do setor.

E a Comissão de Relações Exteriores da Câmara, onde paira Eduardo Bolsonaro, prepara uma armadilha para Mauro Vieira. Como explicar asilo e avião da FAB para livrar a peruana Heredia da cadeia? E como escapar de perguntas sobre Odebrecht, Lula e PT? Tá fácil? Não, mas pode piorar. Os líderes adiaram o projeto de anistia aos golpistas de antes, durante e depois do 8/1. Porém, nunca se sabe até quando, e o PL e o Novo ameaçam com obstrução. E os pacotes do governo para IR e Segurança? Bem... Maio está bem aí e o Congresso ainda não começou, de fato, a funcionar. Obstruir o que já está obstruído?

 

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