- Folha de S. Paulo
Combinar liberdade com prosperidade depende do balanço entre o poder do Estado e o da sociedade
É excelente o novo livro de Daron Acemoglu e James Robinson. “The Narrow Corridor” (o corredor estreito) é uma espécie de continuação da obra anterior da dupla, o best-seller “Por Que Nações Fracassam”, e talvez por isso não obtenha o mesmo impacto, o que em nada diminui a importância do novo texto.
A tese geral de “The Narrow Corridor” é simples. O estado de liberdade política e prosperidade econômica experimentado pelas nações que chamamos de desenvolvidas está longe de ser a ordem natural das coisas. Ao contrário, é uma situação excepcional que exige cuidadosa manutenção por parte de seus usuários.
Durante a maior parte da história, as pessoas foram vítimas ou do despotismo de Estados fortes demais, ou do tribalismo, o sistema de normas comunitárias que, embora evite a guerra de todos contra todos, sufoca a liberdade individual e impõe limites ao crescimento econômico.
A combinação de liberdade com prosperidade depende de um raro balanço —daí o “corredor estreito”— entre o poder do Estado, capaz de impor uma ordem pró-desenvolvimento, e o da sociedade, que precisa conter os apetites totalitários das engrenagens estatais.
Acemoglu e Robinson, com a erudição que lhes é característica, recorrem a exemplos do passado e do presente para mostrar como essa dinâmica pôs nações na trilha do sucesso e também como desequilíbrios lançaram ao caos países que pareciam bem encaminhados.
A dupla nos leva por um surpreendente e elucidativo passeio pela história, com paradas na Atenas de Sólon, nos EUA revolucionários, na República de Weimar degenerando no nazismo, nos Leviatãs de papel da América Latina e na Escandinávia social-democrata, entre outras.
“The Narrow Corridor” é um trabalho consistente e que enriquece o debate sobre as causas da prosperidade, mesmo para quem não compra pelo valor de face as teses do neoinstitucionalismo ao qual os autores se filiam.
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