Ricardo Galhardo* São Paulo* e Tegucigalpa
DEU EM O GLOBO
Congresso hondurenho decidirá sobre volta de Zelaya à Presidência na próxima semana
O mesmo Congresso que respaldou a destituição de Manuel Zelaya e designou Roberto Micheletti para liderar o governo interino decidirá novamente o destino de Honduras. Após forte pressão dos Estados Unidos, o governo interino cedeu na madrugada de ontem no ponto mais controverso do acordo para o fim da crise política e aceitou deixar nas mãos do Congresso a decisão sobre a volta ou não de Zelaya ao poder. Uma decisão recebida com alívio pela comunidade internacional.
Representantes das comissões negociadoras de Zelaya e Micheletti levaram o Pacto de Tegucigalpa-San José ao Congresso. Além de deixar os deputados decidirem sobre a volta de Zelaya após consulta à Suprema Corte — como defendia o deposto — o acordo prevê a instalação de um governo de conciliação nacional até 5 de novembro; descarta a anistia para delitos de Zelaya ou do grupo que o destituiu; e inclui a criação de uma comissão verificadora para acompanhar sua implantação, entre outros pontos.
Na embaixada brasileira em Tegucigalpa, Zelaya comemorou o acordo, dizendo que esse é o primeiro passo para a sua volta ao cargo. Mas disse que não sairá da embaixada até que o Congresso resolva sua situação.
— Este acordo é um símbolo da paz. Peço que o povo hondurenho mantenha a calma.
Micheletti, por sua vez, pediu que o Congresso tome uma decisão baseada “na verdade e na lei”: — Aceitar essa proposta representa uma concessão significativa. Sempre defendemos que a Corte Suprema deveria decidir a restituição, mas entendemos que o nosso povo quer virar a página destes momentos difíceis.
Partidos tendem a aprovar restituição
Diante do Congresso, centenas de simpatizantes de Zelaya comemoraram.
Os líderes dos partidos Nacional e Liberal, que juntos têm 90% das 128 cadeiras no Congresso, disseram que vão estudar o documento antes de decidir qual será a orientação das bancadas, mas em conversas reservadas os dois partidos admitem a inclinação para aprovar a restituição de Zelaya.
— Estamos satisfeitos. O que mais esperamos é que todo mundo respalde as eleições — disse Rodolfo Irias Navas, líder da bancada do Partido Nacional, que tem como candidato à Presidência Porfírio “Pepe” Lobo, líder nas pesquisas de opinião.
Dirigentes do Partido Liberal — do segundo colocado nas pesquisas, Elvin Santos, além de Zelaya e Micheletti — também admitiram que devem votar a favor da restituição. Nos dois casos, os parlamentares têm interesse na volta à normalidade, pois mais da metade vai disputar a reeleição.
O clima também é de otimismo na embaixada, onde Zelaya e outras 60 pessoas estão há mais de um mês.
— O clima melhorou muito. Todos estão felizes com a perspectiva de sair daqui — disse o diplomata brasileiro Lineu Pupo de Paula.
O acordo foi alcançado após os EUA enviarem Thomas Shannon, o secretário adjunto de Estado para o Hemisfério Ocidental, a Honduras. O principal parceiro comercial levou uma mensagem: as eleições não seriam reconhecidas sem um acordo.
Shannon afirmou ontem que não acredita que o Congresso componha um governo de coalizão sem restituir ao menos parte dos poderes a Zelaya.
— Ainda que o Congresso possa fazer consultas à Corte Suprema, este é um problema eminentemente político e assim deve ser resolvido — disse.
Zelaya foi deposto por militares em 28 de junho, após ignorar a determinação da Suprema Corte para suspender a consulta popular sobre a reforma da Constituição. Segundo rivais, sua intenção era incluir a reeleição.
A OEA já está organizando duas missões ao país — uma de verificação do acordo, outra para acompanhar a eleição — e deve revogar a suspensão de Honduras assim que a situação se normalizar. Além da OEA, a ONU e vários países elogiaram o acordo
DEU EM O GLOBO
Congresso hondurenho decidirá sobre volta de Zelaya à Presidência na próxima semana
O mesmo Congresso que respaldou a destituição de Manuel Zelaya e designou Roberto Micheletti para liderar o governo interino decidirá novamente o destino de Honduras. Após forte pressão dos Estados Unidos, o governo interino cedeu na madrugada de ontem no ponto mais controverso do acordo para o fim da crise política e aceitou deixar nas mãos do Congresso a decisão sobre a volta ou não de Zelaya ao poder. Uma decisão recebida com alívio pela comunidade internacional.
Representantes das comissões negociadoras de Zelaya e Micheletti levaram o Pacto de Tegucigalpa-San José ao Congresso. Além de deixar os deputados decidirem sobre a volta de Zelaya após consulta à Suprema Corte — como defendia o deposto — o acordo prevê a instalação de um governo de conciliação nacional até 5 de novembro; descarta a anistia para delitos de Zelaya ou do grupo que o destituiu; e inclui a criação de uma comissão verificadora para acompanhar sua implantação, entre outros pontos.
Na embaixada brasileira em Tegucigalpa, Zelaya comemorou o acordo, dizendo que esse é o primeiro passo para a sua volta ao cargo. Mas disse que não sairá da embaixada até que o Congresso resolva sua situação.
— Este acordo é um símbolo da paz. Peço que o povo hondurenho mantenha a calma.
Micheletti, por sua vez, pediu que o Congresso tome uma decisão baseada “na verdade e na lei”: — Aceitar essa proposta representa uma concessão significativa. Sempre defendemos que a Corte Suprema deveria decidir a restituição, mas entendemos que o nosso povo quer virar a página destes momentos difíceis.
Partidos tendem a aprovar restituição
Diante do Congresso, centenas de simpatizantes de Zelaya comemoraram.
Os líderes dos partidos Nacional e Liberal, que juntos têm 90% das 128 cadeiras no Congresso, disseram que vão estudar o documento antes de decidir qual será a orientação das bancadas, mas em conversas reservadas os dois partidos admitem a inclinação para aprovar a restituição de Zelaya.
— Estamos satisfeitos. O que mais esperamos é que todo mundo respalde as eleições — disse Rodolfo Irias Navas, líder da bancada do Partido Nacional, que tem como candidato à Presidência Porfírio “Pepe” Lobo, líder nas pesquisas de opinião.
Dirigentes do Partido Liberal — do segundo colocado nas pesquisas, Elvin Santos, além de Zelaya e Micheletti — também admitiram que devem votar a favor da restituição. Nos dois casos, os parlamentares têm interesse na volta à normalidade, pois mais da metade vai disputar a reeleição.
O clima também é de otimismo na embaixada, onde Zelaya e outras 60 pessoas estão há mais de um mês.
— O clima melhorou muito. Todos estão felizes com a perspectiva de sair daqui — disse o diplomata brasileiro Lineu Pupo de Paula.
O acordo foi alcançado após os EUA enviarem Thomas Shannon, o secretário adjunto de Estado para o Hemisfério Ocidental, a Honduras. O principal parceiro comercial levou uma mensagem: as eleições não seriam reconhecidas sem um acordo.
Shannon afirmou ontem que não acredita que o Congresso componha um governo de coalizão sem restituir ao menos parte dos poderes a Zelaya.
— Ainda que o Congresso possa fazer consultas à Corte Suprema, este é um problema eminentemente político e assim deve ser resolvido — disse.
Zelaya foi deposto por militares em 28 de junho, após ignorar a determinação da Suprema Corte para suspender a consulta popular sobre a reforma da Constituição. Segundo rivais, sua intenção era incluir a reeleição.
A OEA já está organizando duas missões ao país — uma de verificação do acordo, outra para acompanhar a eleição — e deve revogar a suspensão de Honduras assim que a situação se normalizar. Além da OEA, a ONU e vários países elogiaram o acordo
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