sábado, 31 de outubro de 2009

Lobão sacia PMDB com troca no Real Grandeza

Gerson Camarotti e Maria Lima
DEU EM O GLOBO


Líder do partido afirma que bancada está satisfeita e, agora, não vai mais pedir cargos neste mandato de Lula

BRASÍLIA. Satisfeitos por conquistar a última jóia da coroa, o controle do bilionário fundo Real Grandeza, que movimenta patrimônio superior a R$ 6 bilhões, integrantes da cúpula do PMDB juram que essa foi a última reivindicação do partido neste mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No inicio do ano, diante da forte reação dos beneficiários e dirigentes do fundo de pensão de Furnas, o presidente Lula conseguiu contornar a agressiva pressão feita pelo grupo do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Foi apenas uma questão de tempo e oportunidade.

A única pendência da fatura apresentada pelo PMDB era o Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas e Eletronuclear. Foram confirmadas ontem as nomeações de Aristides Leite França, para presidente, e de Eduardo Henrique Garcia, para diretor de Investimentos.

Eles substituem Sérgio Wilson Fontes, atual presidente, e Ricardo Nogueira.

A troca ocorre uma semana após o partido selar um préacordo com o PT para apoiar a candidatura presidencial da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

No comando de seis ministérios, o PMDB administra um orçamento de R$ 145,1 bilhões, sem contar cargos de segundo e terceiro escalões nas estatais.

Para petista, troca é inaceitável Parlamentares da bancada do PT do Rio, os maiores opositores da proposta de dar ao PMDB o controle do fundo, disseram considerar a negociação inaceitável.

— Não estão respeitando mais nenhum limite de governabilidade ou alianças. É inaceitável que isso tenha ocorrido em troca de um apoio político ao governo ou à candidatura da ministra Dilma — protestou Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ).

Avaliação de peemedebistas é que o partido está satisfeito com o loteamento feito no governo e que esse último impasse já poderia estar resolvido se, em fevereiro deste ano, o presidente Lula tivesse dado sinal verde à substituição de Sérgio Wilson Fontes e de Ricardo Nogueira.

Para Henrique Alves, o partido não deve mais cobrar novos espaços para negociar apoio a Dilma Rousseff: — O PMDB está satisfeito com o que tem. Temos o espaço que o partido merece. Não vamos mais ficar pedindo cargos.

O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), constatou: — O PMDB tem tudo no governo.

Cunha chegou a propor CPI para fundos de pensão A bancada do PMDB do Rio tentava mudar o comando do Real Grandeza desde 2007, já que havia uma disputa com o ex-presidente de Furnas Luiz Paulo Conde. A queda-de-braço foi mantida com o sucessor de Conde, Carlos Nadalutti Filho, também indicado pelo PMDB.

Em fevereiro deste ano, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, chegou a confirmar a substituição da diretoria, mas voltou atrás depois que o presidente Lula vetou a mudança.

Na ocasião, Eduardo Cunha, contrariado, chegou a propor uma CPI para investigar os fundos de pensão, o que foi avaliado como chantagem no Planalto.

Ao GLOBO, Lobão chegou a classificar de “bandidagem” a pressão da diretoria do Real Grandeza para permanecer no comando do fundo. De lá para cá, Lobão decidiu esperar e, só agora, recebeu sinal verde para a troca.

— O ministro Lobão conseguiu tirar o atual comando do Real Grandeza. Os diretores que saem queriam permanecer. Mas não podiam continuar, até porque estavam em atrito com Furnas.

Lobão articulou com os sindicatos.

Por isso, foi uma substituição sem problemas. A mudança conseguiu agradar a gregos e troianos. Foi uma indicação do Lobão — disse Alves

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