SÃO PAULO - O vice-presidente do Conselho de Administração do grupo Suzano de Papel e Celulose, Bóris Tabacof, revelou à Comissão Nacional da Verdade um segredo guardado por mais de 60 anos até mesmo de sua família: preso por mais de 400 dias pelos militares no segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954), foi torturado e sofreu humilhações de toda ordem. A revelação foi feita em depoimento em novembro e divulgada apenas ontem pela comissão.
"Me obrigaram a tirar a roupa e a ficar nu durante vários dias. A única coisa que tinha nesse cubículo era um balde para as necessidades. E esse balde não era retirado", contou Tabacof a três integrantes da Comissão da Verdade: a psicanalista Maria Rita Kehl, o jurista José Carlos Dias e o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro.
O empresário, hoje com 84 anos, lembrou que foi preso com outro civil e 28 militares em 1952. À época, era membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB). O comando das Forças Armadas queria provar que havia um complô de comunistas e militares para tomar o poder.
"Foram bofetadas de todo jeito. Me arrancaram do ônibus, me colocaram numa caminhonete e essa caminhonete foi direto para o Forte do Barbalho (em Salvador)", contou o empresário. "No total, fiquei preso pouco mais de 400 dias. E, como eu não estava contando nada que eles queriam, nem queria assinar (confissão), eles foram piorando as coisas. Eu fiquei alguns dias de pé com um soldado, de baioneta, ao meu lado; e não deixavam que eu me sentasse."
Fonte: O Globo
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