Peter Baker, do New York Times
NOVA YORQUE - O presidente Obama advertiu a Rússia de que haverá custos no caso de uma intervenção militar na Ucrânia. Mas os EUA têm poucas opções palatáveis para impor esses custos, e a História recente mostra que, quando considera que seus interesses estão em jogo, a Rússia está disposta a absorver essas retaliações.
Obama e sua equipe discutiram cancelar a viagem do presidente para um encontro de cúpula na Rússia em junho, engavetar um acordo de comércio, expulsar a Rússia do G-8 ou enviar navios de guerra americanos à região. Esse é o mesmo cardápio de ações que foi oferecido ao então presidente George W. Bush em 2008, quando a Rússia invadiu a Geórgia. Mas os custos impostos naquela ocasião se provaram pouco eficazes e efêmeros. A Rússia parou o seu avanço sobre a Geórgia, mas, depois de seis anos, nunca cumpriu na íntegra os termos do cessar-fogo que assinou. E não hesitou a voltar a intimidar um vizinho, como no caso da Ucrânia.
Putin já demonstrou que o custo mais óbvio, imposto à sua reputação internacional, não o impedirá de intervir militarmente na Ucrânia. Ele certamente já esperava a condenação e os protestos diplomáticos dos EUA e da Europa, e calculou que eles não sobrepujam a ameaça ao interesse histórico da Rússia na Ucrânia.
Encontrar freios mais convincentes para influenciar a tomada de decisão do presidente russo será um desafio para Obama e seus aliados europeus. Obama já aprendeu com a repetição que alertas muitas vezes não desencorajam líderes autocráticos de tomar medidas violentas, como quando o presidente sírio cruzou a “linha vermelha” imposta pela Casa Branca e usou armas químicas.
Pressionar a Rússia - poderosa demais mesmo na era pós-soviética para ser intimidada por sermões ou demonstrações de força militar e rica demais para ser sufocada economicamente a curto prazo - é ainda mais difícil. Com direito a veto no Conselho de Segurança da ONU, o país não precisa se preocupar com as Nações Unidas. E como principal fonte de gás natural para grande parte da Europa, ela tem um grande trunfo para contrabalançar a influência americana sobre vários de seus aliados.
“O que podemos fazer?”, questionou Fiona Hill, uma pesquisadora do Instituto Brookings que era a principal responsável pela Inteligência dos EUA em questões russas durante a guerra da Geórgia. “Nós falaremos de sanções. Nós falaremos de linhas vermelhas. E Putin vai apenas observar. Ele sabe que ninguém quer entrar numa guerra com a Rússia.”
Fonte: O Globo
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