O país em plena folia e o Supremo Tribunal Federal de ressaca pelo recuo no julgamento do mensalão, que tinha quadrilha, mas agora não tem mais. Durma- se com um barulho desses.
O pior é que o Carnaval passa, a Quarta-Feira de Cinzas passa, o congestionamento da volta para casa passa, mas a ressaca e os megafones no Supremo ficam. A divisão, que já era estridente, tende a ficar ensurdecedora. Imagine o clima no elevador, no cafezinho, nos encontros compulsórios no corredor...
Quem acha que o julgamento do mensalão está na reta final, e que vamos todos virar a página e mudar de assunto, está redondamente enganado. Ainda falta muita coisa a decidir.
A primeira do cronograma é o veredito sobre os embargos infringentes no caso de lavagem de dinheiro, nos quais um outro petista de destaque, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, é diretamente interessado.
Na outra ponta, a definição do destino do mensalão tucano, que pega de jeito o ex-presidente nacional do PSDB e ex-governador de Minas Eduardo Azeredo. O plenário vai decidir que o Supremo tem de julgar o mérito? Ou vai despachar para a primeira instância?
E há, por fim, duas expectativas irritantes como zumbido no ouvido: uma eventual candidatura do presidente Joaquim Barbosa a qualquer coisa e a "revisão criminal" para inocentar de vez os mensaleiros ilustres, sobretudo José Dirceu. Os outros que se danem --ou se "donadoneiem".
O risco, para usar um termo da área política que ameaça se deslocar para a área jurídica, é de uma grande pizza. Os ministros vão insistir que são insensíveis à "voz do povo", mas a sociedade brasileira apoiou maciçamente o julgamento e as condenações e, apesar do estômago de avestruz, não vai engolir fácil a margherita.
Quem abre alas nesse Carnaval é o ministro Ricardo Lewandowski. E não vai faltar quem veja nele pitadas de queijo, tomate e orégano.
Fonte: Folha Online
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