• Moreira Franco ataca candidatura do PT no Rio
- Valor Econômico
O PMDB marcou para 10 de junho a convenção nacional do partido destinada a homologar a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer para presidente e vice-presidente da República. Apesar das dificuldades nas composições regionais com o PT, especialmente no Rio de Janeiro, a tendência é pela aprovação da aliança. Mais difícil será o apoio dos pemedebistas nos Estados, na campanha eleitoral propriamente dita.
Estados como Mato Grosso do Sul, por exemplo, devem apoiar a indicação de Michel Temer para vice, mas seus dirigentes não devem gastar sola de sapato para reeleger Dilma. O mesmo deve ocorrer em relação a Minas Gerais, onde os dois partidos caminham para um acordo eleitoral. E no Rio Grande do Sul. A situação mais difícil é a do Rio de Janeiro, onde a radicalização da campanha pode comprometer o apoio do ex-governador Sérgio Cabral e de seu sucessor, Luiz Fernando de Souza, o Pezão, à reeleição de Dilma.
Ministro da cota do PMDB no governo, Moreira Franco (Aviação Civil) defende a manutenção da aliança com Dilma e do projeto regional pemedebista. Diz que não são incompatíveis. "O PMDB é forte porque ao longo desses anos tem mantido uma base eleitoral que sustenta seus quadros nos poderes Legislativo e Executivo. Ele vive do voto. A disputa local sempre foi uma disputa em que o PMDB se empenhou desde a ditadura. Nós não podíamos disputar os governos estaduais, prefeitura de capital e de área de segurança nacional, então fomos disputar os pequenos municípios que nos mantêm até hoje como o maior partido do Brasil".
O ministro da Aviação Civil faz questão de ressaltar que "nunca houve uma negociação no plano eleitoral em que o PMDB colocou a conquista do poder nacional como mais importante do que o poder local - nós sempre preservamos o nosso direito de disputar a eleição". Ocorre exatamente o contrário com o PT, que sempre privilegiou a disputa nacional.
O PMDB aderiu ao governo do PT no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Primeiro fez uma aliança parlamentar, depois eleitoral apresentando o candidato a vice na chapa de Dilma. "O partido está engajado num projeto cujos pilares hoje são conquistas, como a redução das desigualdades, a geração de emprego, o aumento da renda do trabalhador, a recuperação da infraestrutura do país e o aumento da taxa de investimento em relação ao PIB".
O ministro defende inclusive o tom estabelecido pelo PT para o debate eleitoral, em seu último programa partidário, no qual entre outras coisas fala sobre a ameaça da volta dos "fantasmas do passado" para levar "tudo o que conseguimos". Diz Moreira Franco: "Não acho que a propaganda do PT foi de medo. Ela definiu o campo de luta. Existem conquistas econômicas e sociais que foram dadas e que não podem ser perdidas, as pessoas têm que discutir e avaliar sobre elas". E todos os que estão engajados nesse projeto, como é o caso do PMDB, segundo o ministro da Aviação Civil, "têm a obrigação de defendê-lo e não podem vacilar diante da possibilidade de se perder (a eleição)".
O ministro assegura que "o PMDB nacional não vai fazer o que fez o PT do Rio de Janeiro", quando lançou a candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo estadual, rompendo a aliança que governa o Rio desde 2006. "Nós não vamos abandonar a aliança (com Dilma) que é responsável por esse projeto. Não é da nossa tradição, não é da nossa história fugir das dificuldades. O PMDB demora a entrar, mas depois que entra não abandona".
Para Moreira Franco, o fato local reflete muito fortemente no ambiente nacional. "E o Rio de Janeiro, para nós, é um caso importante. Causa maior irritação, constrangimento e dificuldades, primeiro o PT agir como agiu, lançando o senador Lindbergh Farias, depois, como consequência inevitável disso, o Lindbergh, em sua campanha, vai à região dos Lagos, e na região que é a base eleitoral mais importante do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Paulo Melo, vai lá e fala mal, de maneira desrespeitosa. Claro que isso gera consequências". Quais?
"Nós estamos trabalhando para evitar que essas consequência contaminem o apoio do Sérgio Cabral e do Pezão a Dilma. Nós já dissemos isso à sociedade. É evidente que eles têm de colaborar. O ideal seria a retirada da candidatura. Conflitos dessa ordem nós vamos ter em vários Estados. Nós precisamos encontrar soluções políticas eleitorais que permitam a convivência".
"Por cultura e convicção nós não criamos qualquer tipo de dificuldade à disputa local. Nós sempre protegemos os nossos, sempre garantimos as condições para que a disputa se dê. O ideal é a melhor solução política, o PMDB está no governo há oito anos, o PT esteve no governo. E a cultura deles não é essa, eles sempre colocaram a disputa nacional acima da disputa local. Já o PMDB não transige de garantir seu direito a suas condições de disputa eleitoral, daí é que vem a força dele".
Em 2010 havia um entendimento entre PMDB e PT sobre formas de procedimento nas eleições. Dilma e Lula, por exemplo, evitariam fazer campanha para os candidatos do PT onde o PMDB também disputava o governo do Estado. O caso mais flagrante de descumprimento do acordo foi na eleição para o governo da Bahia, onde Lula e Dilma empenharam-se a fundo na reeleição do governador Jaques Wagner.
O senador e pré-candidato do PSDB a presidente, Aécio Neves, efetivamente fez uma sondagem no PSD sobre a possibilidade de uma aliança entre os dois partidos, tendo o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles como candidato a vice na chapa tucana.
A aliança foi colocada em perspectiva desde que o ex-prefeito Gilberto Kassab abriu negociação com o governador Geraldo Alckmin para uma composição em outubro. O acerto Kassab-Alckmin é real, mas o próprio Kassab acha "difícil" a reversão da maioria do PSD, hoje favorável ao apoio à reeleição da presidente Dilma.
Um comentário:
O apoio de Cabral irá de acordo com o benefício que isso fará para o estado do Rio. Se não for fazer bem, melhor não apoiar.
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