segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Mais de 30 cidades têm atos contra a anistia e a PEC da Blindagem

Por O Estado de S. Paulo

Mobilizações promovidas pela esquerda reuniram manifestantes em mais de 30 cidades, incluindo todas as capitais

Artistas, políticos e movimentos sociais de esquerda protestaram em mais de 30 cidades brasileiras, incluindo as capitais, contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e a anistia a condenados pela tentativa de golpe em 8 de Janeiro de 2023. Os maiores atos ocorreram em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Na capital paulista, manifestantes levaram uma grande bandeira do Brasil, em um contraponto à dos Estados Unidos, que foi exibida por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante ato a favor da anistia, no dia 7 de Setembro. Segundo o Monitor do Debate Público da USP, 42,4 mil pessoas compareceram ontem à Avenida Paulista. No Rio, de acordo com o mesmo instituto, foram 41,8 mil.

Os atos em todo o País foram marcados por críticas ao Congresso, após a aprovação do requerimento de urgência do projeto que anistia os condenados pelos ataques do 8 de Janeiro, e surpreenderam aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo tamanho. Foram as maiores manifestações da esquerda em tempos recentes. Nas ruas, havia cartazes pedindo que Bolsonaro cumprisse a pena de 27 anos e 3 meses, imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

TERMÔMETRO. Os protestos foram promovidos por partidos de esquerda, movimentos sociais, artistas e sindicatos.

A manifestação pró-anistia convocada pelo pastor Silas Malafaia, em 7 de Setembro, também reuniu 42,2 mil participantes na Avenida Paulista, segundo o Monitor do Debate Público da USP. Em junho, porém, um ato de apoio ao ex-presidente, no mesmo local, teve comparecimento menor: 12,4 mil pessoas.

Na praia de Copacabana, no Rio, o ato contou com apresentações musicais de Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Djavan, Ivan Lins, Maria Gadú, Marina Sena, Paulinho da Viola e Lenine. Ali, os manifestantes carregaram dois grandes bonecos infláveis: um de Bolsonaro, com camisa de presidiário, e outro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com chapéu de “Tio Sam”.

“Sem anistia! O povo brasileiro elegeu Lula e por isso a democracia no Brasil resiste”, afirmou Caetano. “Não poderíamos deixar de responder aos horrores que vêm surgindo à nossa volta”.

Cartazes com os dizeres “Congresso, vergonha nacional!” e “Os piores deputados da História”, além dos motes “Sem anistia” e “Não à PEC da Bandidagem” eram exibidos em vários pontos da orla.

Já em Brasília a manifestação em frente ao Museu Nacional foi marcada por ataques a Bolsonaro. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT), por sua vez, fez duras críticas ao Legislativo. “Temos que tomar consciência de que, para mudar este País, temos que mudar o Congresso”, disse o ex-ministro. O ato contou com as apresentações de Chico César e Djonga.

Em Salvador, a manifestação teve uma caminhada do Farol ao Cristo, com um trio elétrico puxado por Daniela Mercury. “Estamos na rua! Contra a PEC da Bandidagem e da Anistia. Salvador dando exemplo de luta pela democracia”, escreveu a cantora em postagem nas redes sociais.

“Aqui a extrema direita não se cria”, afirmou o ator Wagner Moura, que também subiu no caminhão do trio elétrico. A percussionista Lanlan e sua mulher, a atriz Nanda Costa, também estiveram presentes.

Em Belo Horizonte, a manifestação teve início pela manhã, na Praça Raul Soares. Do carro de som, um organizador do evento puxou o grito “Bom dia, sem anistia para golpista!”, frase repetida em vários momentos pelos manifestantes. Bandeiras do Brasil também marcaram o protesto na capital mineira. Em uma delas havia a seguinte inscrição: “Brasil soberano é o povo no poder”. Uma das atrações do ato foi a cantora Fernanda Takai, da banda Pato Fu.

Em Belém, os manifestantes se reuniram em frente ao Theatro da Paz, na Praça da República, e seguiram até a Estação das Docas. Além de apresentações musicais, houve a presença do ator Marco Nanini.

Aliados do presidente Lula destacaram que a mobilização nas ruas também tinha o objetivo de pedir ao Congresso que votasse pautas populares. Nessa lista estão a taxação dos super ricos, a isenção do Imposto de Renda para os que ganham até R$ 5 mil e o fim da escala de trabalho 6 por 1. Todos esses temas serão abordados na campanha de Lula à reeleição, em 2026.

Público em SP e RJ Segundo a USP, 42,4 mil pessoas compareceram ao ato na Avenida Paulista. No Rio, foram 41,8 mil.

O músico Jota.pê, que se apresentou na Avenida Paulista, conversou com o Estadão antes de se dirigir ao público. “É essencial estarmos aqui para mostrar a importância da política para os jovens da periferias”, afirmou ele.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) foi na mesma linha: “Não aceitamos impunidade com essa PEC. Vamos lutar contra esse absurdo”.

FORO PRIVILEGIADO. O texto da PEC da Blindagem diz que deputados e senadores só poderão ser presos em caso de flagrante por crime inafiançável e restringe processos criminais contra os parlamentares. Até presidentes de partidos são beneficiados com foro privilegiado.

A proposta seguiu para aprovação do Senado. Já o projeto de anistia continua na Câmara. Na quarta-feira, a Câmara aprovou urgência do tema. Na quinta, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), oficializou o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade-SP), como relator do projeto. •

 

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