Por O Estado de S. Paulo
Mobilizações promovidas pela esquerda
reuniram manifestantes em mais de 30 cidades, incluindo todas as capitais
Artistas, políticos e movimentos sociais de
esquerda protestaram em mais de 30 cidades brasileiras, incluindo as capitais,
contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e a anistia a
condenados pela tentativa de golpe em 8 de Janeiro de 2023. Os maiores atos
ocorreram em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Na capital paulista, manifestantes levaram
uma grande bandeira do Brasil, em um contraponto à dos Estados Unidos, que foi
exibida por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante ato a favor
da anistia, no dia 7 de Setembro. Segundo o Monitor do Debate Público da USP,
42,4 mil pessoas compareceram ontem à Avenida Paulista. No Rio, de acordo com o
mesmo instituto, foram 41,8 mil.
Os atos em todo o País foram marcados por críticas ao Congresso, após a aprovação do requerimento de urgência do projeto que anistia os condenados pelos ataques do 8 de Janeiro, e surpreenderam aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo tamanho. Foram as maiores manifestações da esquerda em tempos recentes. Nas ruas, havia cartazes pedindo que Bolsonaro cumprisse a pena de 27 anos e 3 meses, imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
TERMÔMETRO. Os protestos foram promovidos por
partidos de esquerda, movimentos sociais, artistas e sindicatos.
A manifestação pró-anistia convocada pelo
pastor Silas Malafaia, em 7 de Setembro, também reuniu 42,2 mil participantes
na Avenida Paulista, segundo o Monitor do Debate Público da USP. Em junho,
porém, um ato de apoio ao ex-presidente, no mesmo local, teve comparecimento
menor: 12,4 mil pessoas.
Na praia de Copacabana, no Rio, o ato contou
com apresentações musicais de Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso,
Djavan, Ivan Lins, Maria Gadú, Marina Sena, Paulinho da Viola e Lenine. Ali, os
manifestantes carregaram dois grandes bonecos infláveis: um de Bolsonaro, com
camisa de presidiário, e outro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
com chapéu de “Tio Sam”.
“Sem anistia! O povo brasileiro elegeu Lula e
por isso a democracia no Brasil resiste”, afirmou Caetano. “Não poderíamos
deixar de responder aos horrores que vêm surgindo à nossa volta”.
Cartazes com os dizeres “Congresso, vergonha
nacional!” e “Os piores deputados da História”, além dos motes “Sem anistia” e
“Não à PEC da Bandidagem” eram exibidos em vários pontos da orla.
Já em Brasília a manifestação em frente ao
Museu Nacional foi marcada por ataques a Bolsonaro. O ex-ministro da Casa Civil
José Dirceu (PT), por sua vez, fez duras críticas ao Legislativo. “Temos que
tomar consciência de que, para mudar este País, temos que mudar o Congresso”,
disse o ex-ministro. O ato contou com as apresentações de Chico César e Djonga.
Em Salvador, a manifestação teve uma
caminhada do Farol ao Cristo, com um trio elétrico puxado por Daniela Mercury.
“Estamos na rua! Contra a PEC da Bandidagem e da Anistia. Salvador dando
exemplo de luta pela democracia”, escreveu a cantora em postagem nas redes
sociais.
“Aqui a extrema direita não se cria”, afirmou
o ator Wagner Moura, que também subiu no caminhão do trio elétrico. A
percussionista Lanlan e sua mulher, a atriz Nanda Costa, também estiveram
presentes.
Em Belo Horizonte, a manifestação teve início
pela manhã, na Praça Raul Soares. Do carro de som, um organizador do evento
puxou o grito “Bom dia, sem anistia para golpista!”, frase repetida em vários
momentos pelos manifestantes. Bandeiras do Brasil também marcaram o protesto na
capital mineira. Em uma delas havia a seguinte inscrição: “Brasil soberano é o
povo no poder”. Uma das atrações do ato foi a cantora Fernanda Takai, da banda
Pato Fu.
Em Belém, os manifestantes se reuniram em
frente ao Theatro da Paz, na Praça da República, e seguiram até a Estação das
Docas. Além de apresentações musicais, houve a presença do ator Marco Nanini.
Aliados do presidente Lula destacaram que a
mobilização nas ruas também tinha o objetivo de pedir ao Congresso que votasse
pautas populares. Nessa lista estão a taxação dos super ricos, a isenção do
Imposto de Renda para os que ganham até R$ 5 mil e o fim da escala de trabalho
6 por 1. Todos esses temas serão abordados na campanha de Lula à reeleição, em
2026.
Público em SP e RJ Segundo a USP, 42,4 mil
pessoas compareceram ao ato na Avenida Paulista. No Rio, foram 41,8 mil.
O músico Jota.pê, que se apresentou na
Avenida Paulista, conversou com o Estadão antes de se dirigir ao público. “É
essencial estarmos aqui para mostrar a importância da política para os jovens
da periferias”, afirmou ele.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) foi na
mesma linha: “Não aceitamos impunidade com essa PEC. Vamos lutar contra esse
absurdo”.
FORO PRIVILEGIADO. O texto da PEC da Blindagem
diz que deputados e senadores só poderão ser presos em caso de flagrante por
crime inafiançável e restringe processos criminais contra os parlamentares. Até
presidentes de partidos são beneficiados com foro privilegiado.
A proposta seguiu para aprovação do Senado.
Já o projeto de anistia continua na Câmara. Na quarta-feira, a Câmara aprovou
urgência do tema. Na quinta, o presidente da Casa, Hugo Motta
(Republicanos-PB), oficializou o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da
Força (Solidariedade-SP), como relator do projeto. •
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