Jarbas de Holanda
As reações articuladas dos governos e bancos centrais do G-7 por meio da montagem de uma rede trilionária de sustentação dos sistemas financeiros, adotadas a partir do último fim de semana, conseguiram enfim deter a corrida para um colapso desses sistemas, motivando na segunda-feira uma vigorosa reanimação das bolsas de valores, inclusive da Bovespa, que nos pregões de ontem se manteve nas asiáticas e européias, sendo substituída pela volatilidade (realização de lucros) nas dos EUA e na brasileira. Isso foi bastante positivo, não obstante não represente garantia de que a crise tenha sido revertida ou menos ainda solucionada, pois é enorme a escala de danos à chamada economia real que ela já causou. E que vai causar à frente nos países ricos e naqueles em desenvolvimento, como o Brasil, dependente da exportação de matérias primas, com a escassez e o encarecimento do crédito. Aqui, em paralelo a tais reações, nosso Banco Central – fortalecido dentro do governo Lula – segue tomando novas medidas de contenção dos reflexos da crise, vendendo mais dólares e decidindo a liberação, por etapas, de até R$ 106 bilhões dos depósitos compulsórios dos bancos, a fim de reduzir a carência do financiamento de contratos de exportação e de liquidez de várias atividades voltadas para o mercado interno.
As reações articuladas dos governos e bancos centrais do G-7 por meio da montagem de uma rede trilionária de sustentação dos sistemas financeiros, adotadas a partir do último fim de semana, conseguiram enfim deter a corrida para um colapso desses sistemas, motivando na segunda-feira uma vigorosa reanimação das bolsas de valores, inclusive da Bovespa, que nos pregões de ontem se manteve nas asiáticas e européias, sendo substituída pela volatilidade (realização de lucros) nas dos EUA e na brasileira. Isso foi bastante positivo, não obstante não represente garantia de que a crise tenha sido revertida ou menos ainda solucionada, pois é enorme a escala de danos à chamada economia real que ela já causou. E que vai causar à frente nos países ricos e naqueles em desenvolvimento, como o Brasil, dependente da exportação de matérias primas, com a escassez e o encarecimento do crédito. Aqui, em paralelo a tais reações, nosso Banco Central – fortalecido dentro do governo Lula – segue tomando novas medidas de contenção dos reflexos da crise, vendendo mais dólares e decidindo a liberação, por etapas, de até R$ 106 bilhões dos depósitos compulsórios dos bancos, a fim de reduzir a carência do financiamento de contratos de exportação e de liquidez de várias atividades voltadas para o mercado interno.
Entre as implicações que a crise terá no Brasil destaca-se a que decorrerá da combinação de abrupta baixa das cotações do petróleo com a conjuntura de escassez do financiamento internacional. Este mix deplorável pode retardar o desencadeamento da exploração das reservas do pré-sal e reduzir a própria viabilidade desse desafio, se essas cotações caírem a bem menos de US$ 80 por barril. Pois ambos dependem em grande medida de recursos privados externos. Mas tal implicação terá ao menos uma conseqüência política positiva: o esvaziamento da proposta de setores fisiológicos e estatizantes do governo da criação, em detrimento do papel da Petrobras, de nova estatal para controle das reservas do pré-sal. Outra conseqüência de implicações da crise no plano político-institucional é a necessidade de reavaliação do projeto do fundo soberano, de viés dirigista, em face da projeção de queda da receita fiscal em 2009 e do imperativo de manutenção do superávit primário (reforçado pela turbulência internacional). Apostando nessa reavaliação, as lideranças parlamentares oposicionistas passaram a admitir a instituição do referido fundo mas com a vinculação dele ao BC.
O favoritismo de Kassab. A “onda Gabeira” e a derrota de Aécio em BH
O questionamento da vida pessoal de Gilberto Kassab – se é casado, se tem filhos – que deu o tom da retomada agressiva da campanha de Marta Suplicy, na disputa da prefeitura de São Paulo no 2º turno, se ainda não teve seus efeitos junto à população medidos por pesquisas do Datafolha e do Ibope, suscitou de pronto tal impacto negativo no conjunto da mídia, nos segmentos sociais bem informados e também em vários grupos e lideranças do próprio PT que, certamente, representou um verdadeiro “tiro no pé” da candidatura da ex-prefeita. Agravado pela tentativa dela de justificar o recurso preconceituoso de lançar insinuações sobre a orientação sexual do adversário (embora atribuindo-o ao marqueteiro da campanha), em declarações à imprensa nas quais reagiu à bateria de manifestações críticas ao uso de tal expediente endossadas por parlamentares petistas e aliados de sua candidatura. O que sem dúvida dificultou ainda mais o empenho de Marta Suplicy de tentar reverter o favoritismo de Kassab.
A “onda Gabeira” na classe média e nos meios culturais e artísticos do Rio, com Caetano Veloso à frente, pode pôr em xeque o forte esquema político montado pelo governador Sérgio Cabral para a eleição de seu candidato Eduardo Paes. Esquema, centrado no PMDB, que ganhou no 2º turno o respaldo do presidente Lula e a adesão do PT, do PCdoB, do PDT e a dos evangélicos do bispo Marcelo Crivella (além das que já tinha antes do PP e do PTB), e que tenta barrar uma vitória de Fernando Gabeira com os votos da grande periferia carioca. Mas cuja amplitude é fragilizada pelo apoio pessoal a Gabeira de lideranças importantes desses partidos, como o deputado Miro Teixeira e o prefeito eleito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, os pedetistas mais expressivos do Grande Rio, e a ex-ministra do Meio Ambiente e senadora do PT, Marina Silva
Outra onda ainda mais forte ameaça sufocar o candidato da aliança PSB-PT-PSDB à prefeitura de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, que, segundo pesquisa do Ibope divulgada hoje, já foi largamente ultrapassado pelo peemedebista Leonardo Quintão, por 51% a 33%. O que é lido por vários analistas políticos como significativa derrota eleitoral do governador mineiro Aécio Neves, principal promotor da aliança, bem como de seu projeto “pós-Lula” de candidatura presidencial alternativa pelo PSDB, capaz de ter apoio de parte da base governista federal, inclusive dos peemedebistas.
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