Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos
DEU EM O GLOBO
Na segunda baixa no mesmo dia, senador deixa o partido acusando a legenda de jogar a bandeira da ética no lixo
BRASÍLIA. Não bastasse o desgaste de impedir a investigação sobre o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), outro duro revés para o PT ontem foi provocado pelo senador Flávio Arns (PT-PR), que anunciou sua saída do partido num discurso contundente contra a interferência do Planalto e da cúpula partidária na decisão do Conselho de Ética. Foi a segunda baixa na bancada do PT, no mesmo dia, que passou a ter dez senadores.
Horas antes, a senadora e ex-ministra Marina Silva (AC) deixara o partido. Emocionado, Arns disse que o PT jogou a ética no lixo, e que estava com vergonha de seus eleitores.
Arns foi ao Conselho anunciar sua decisão. Ele apresentará um recurso ao Tribunal Superior Eleitoral para manter o mandato, argumentando que o PT traiu sua bandeira ética. Mas deixou claro que está disposto a perder um ano de mandato, caso a Justiça entenda que o partido está correto nesse episódio.
— O PT jogou a ética no lixo.
Vai ter de achar outra bandeira, depois da nota de seu presidente.
O partido deu as costas para a sociedade, para o povo e para as bandeiras que sempre foram tão caras a tantas pessoas. Posso dizer que me envergonho de estar hoje no PT. Quero dizer isso a todos os meus eleitores.
Pensei que as nossas bandeiras eram para valer, não de mentira, eleitorais. Infelizmente, me equivoquei — discursou Arns, com elogios ao senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, que teve arquivada representação contra ele no Conselho: — Já o senador Arthur Virgílio é um batalhador para que este país seja melhor.
Arns atacou os colegas Ideli Salvatti (PT-SC), Delcídio Amaral (PT-MS) e João Pedro (PTAM) pela participação no arquivamento das denúncias: — Os senadores do PT que participaram da votação terão de prestar conta nos estados e dizerem por que mudaram de posição, já que concordaram com a primeira posição da bancada, de que Sarney devia se licenciar do cargo e que as denúncias deviam ser investigadas.
Em jantar, Lula tentou enquadrar a bancada Eleito senador em 2002, Arns já foi deputado pelo PSDB. Deixou o partido após apoiar uma CPI contra o governo Fernando Henrique Cardoso. Ele já recebeu convite para voltar ao PSDB, além de propostas de PDT, PPS, PSB e PSOL.
— Ainda não decidi para onde vou. Estou disposto a perder o último ano do meu mandato se o TSE achar que o partido está certo. O que não estou disposto é a atuar em desacordo com a minha consciência. Só entrei no partido por causa de um programa em que a ética era fundamental — disse Arns.
Ele citou constrangimentos impostos ao PT, como o jantar em que o presidente Lula tentou enquadrar a bancada: — Os senadores petistas ficaram numa posição subalterna.
Se você é eleito senador, tem que aguentar pressão. O acordo PMDB-PT está estampado em favor da governabilidade. Tudo isso é muito deprimente.
DEU EM O GLOBO
Na segunda baixa no mesmo dia, senador deixa o partido acusando a legenda de jogar a bandeira da ética no lixo
BRASÍLIA. Não bastasse o desgaste de impedir a investigação sobre o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), outro duro revés para o PT ontem foi provocado pelo senador Flávio Arns (PT-PR), que anunciou sua saída do partido num discurso contundente contra a interferência do Planalto e da cúpula partidária na decisão do Conselho de Ética. Foi a segunda baixa na bancada do PT, no mesmo dia, que passou a ter dez senadores.
Horas antes, a senadora e ex-ministra Marina Silva (AC) deixara o partido. Emocionado, Arns disse que o PT jogou a ética no lixo, e que estava com vergonha de seus eleitores.
Arns foi ao Conselho anunciar sua decisão. Ele apresentará um recurso ao Tribunal Superior Eleitoral para manter o mandato, argumentando que o PT traiu sua bandeira ética. Mas deixou claro que está disposto a perder um ano de mandato, caso a Justiça entenda que o partido está correto nesse episódio.
— O PT jogou a ética no lixo.
Vai ter de achar outra bandeira, depois da nota de seu presidente.
O partido deu as costas para a sociedade, para o povo e para as bandeiras que sempre foram tão caras a tantas pessoas. Posso dizer que me envergonho de estar hoje no PT. Quero dizer isso a todos os meus eleitores.
Pensei que as nossas bandeiras eram para valer, não de mentira, eleitorais. Infelizmente, me equivoquei — discursou Arns, com elogios ao senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, que teve arquivada representação contra ele no Conselho: — Já o senador Arthur Virgílio é um batalhador para que este país seja melhor.
Arns atacou os colegas Ideli Salvatti (PT-SC), Delcídio Amaral (PT-MS) e João Pedro (PTAM) pela participação no arquivamento das denúncias: — Os senadores do PT que participaram da votação terão de prestar conta nos estados e dizerem por que mudaram de posição, já que concordaram com a primeira posição da bancada, de que Sarney devia se licenciar do cargo e que as denúncias deviam ser investigadas.
Em jantar, Lula tentou enquadrar a bancada Eleito senador em 2002, Arns já foi deputado pelo PSDB. Deixou o partido após apoiar uma CPI contra o governo Fernando Henrique Cardoso. Ele já recebeu convite para voltar ao PSDB, além de propostas de PDT, PPS, PSB e PSOL.
— Ainda não decidi para onde vou. Estou disposto a perder o último ano do meu mandato se o TSE achar que o partido está certo. O que não estou disposto é a atuar em desacordo com a minha consciência. Só entrei no partido por causa de um programa em que a ética era fundamental — disse Arns.
Ele citou constrangimentos impostos ao PT, como o jantar em que o presidente Lula tentou enquadrar a bancada: — Os senadores petistas ficaram numa posição subalterna.
Se você é eleito senador, tem que aguentar pressão. O acordo PMDB-PT está estampado em favor da governabilidade. Tudo isso é muito deprimente.
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