DEU EM O GLOBO
Chanceler Amorim e embaixador em Teerã reafirmam que Itamaraty fez oferta de asilo a iraniana condenada
Renata Malkes e Donizeti Costa
RIO e SÃO PAULO. Mesmo tentando se esquivar de uma saia justa diplomática, o governo brasileiro reafirmou que houve, sim, uma proposta oficial apresentada ao Irã oferecendo asilo à prisioneira Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por adultério e suposto assassinato de seu marido. Tanto o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, quanto o embaixador brasileiro em Teerã, Antônio Salgado, confirmaram que a oferta foi feita ainda que não haja documentos por escrito comprovando a iniciativa.
A versão contraria o embaixador iraniano em Brasília, Mohsen Shaterzadeh, que garante que seu país não recebeu qualquer proposta brasileira oficial.
mdash; Quando você concede o agreement (autorização) para o embaixador, a coisa mais vital para os estados, concede verbalmente, não precisa de nota disse Amorim. Quando um embaixador vai comunicar algo que o presidente já tinha dito (Lula afirmara, num comício, a intenção de receber Sakineh), para nós é uma formalização explicou ele, no Instituto de Estudos Avançados da USP.
O embaixador do Brasil em Teerã, Antônio Salgado, reiterou a versão do Itamaraty. Segundo o diplomata, a comunicação oficial foi feita na semana passada ao Ministério de Assuntos Estrangeiros do Irã, num encontro com o vice-ministro para assuntos das Américas, embaixador Ahmad Sobhani. A proposta foi feita oralmente, sem qualquer documento endereçado à república islâmica o que, segundo o embaixador, não diminui o peso da mensagem.
Eles já tinham conhecimento do caso através da imprensa e receberam a proposta com serenidade contou Salgado ao GLOBO, por telefone.
Para nós, a coisa é muito simples: fizemos um gesto e precisamos esperar a resposta. A bola está no campo dos iranianos.
Apesar de exposta a diferença no entendimento protocolar entre os dois países, o Itamaraty nega qualquer mal-estar com Teerã e vice-versa. Adotando uma estratégia amigável, em Brasília, o embaixador iraniano evitou novas polêmicas sobre o caso Sakineh, mas ressaltou que o Irã defenderá a presença do Brasil em qualquer negociação sobre seu programa nuclear.
O presidente Lula traz a esperança e o apoio dos países em desenvolvimento à discussão afirmou Shaterzadeh.
Enquanto cresce o temor de que Sakineh seja executada a qualquer momento, o jornal britânico Guardian sugeriu ontem que a repercussão mundial do caso esteja levando o Irã a rever penas impostas a outras condenadas. O diário cita Mariam Ghorbanzadeh, de 25 anos. Inicialmente condenada ao apedrejamento por adultério, a jovem, que abortou após ser espancada na cadeia, teve a sentença mudada para enforcamento.
Chanceler Amorim e embaixador em Teerã reafirmam que Itamaraty fez oferta de asilo a iraniana condenada
Renata Malkes e Donizeti Costa
RIO e SÃO PAULO. Mesmo tentando se esquivar de uma saia justa diplomática, o governo brasileiro reafirmou que houve, sim, uma proposta oficial apresentada ao Irã oferecendo asilo à prisioneira Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por adultério e suposto assassinato de seu marido. Tanto o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, quanto o embaixador brasileiro em Teerã, Antônio Salgado, confirmaram que a oferta foi feita ainda que não haja documentos por escrito comprovando a iniciativa.
A versão contraria o embaixador iraniano em Brasília, Mohsen Shaterzadeh, que garante que seu país não recebeu qualquer proposta brasileira oficial.
mdash; Quando você concede o agreement (autorização) para o embaixador, a coisa mais vital para os estados, concede verbalmente, não precisa de nota disse Amorim. Quando um embaixador vai comunicar algo que o presidente já tinha dito (Lula afirmara, num comício, a intenção de receber Sakineh), para nós é uma formalização explicou ele, no Instituto de Estudos Avançados da USP.
O embaixador do Brasil em Teerã, Antônio Salgado, reiterou a versão do Itamaraty. Segundo o diplomata, a comunicação oficial foi feita na semana passada ao Ministério de Assuntos Estrangeiros do Irã, num encontro com o vice-ministro para assuntos das Américas, embaixador Ahmad Sobhani. A proposta foi feita oralmente, sem qualquer documento endereçado à república islâmica o que, segundo o embaixador, não diminui o peso da mensagem.
Eles já tinham conhecimento do caso através da imprensa e receberam a proposta com serenidade contou Salgado ao GLOBO, por telefone.
Para nós, a coisa é muito simples: fizemos um gesto e precisamos esperar a resposta. A bola está no campo dos iranianos.
Apesar de exposta a diferença no entendimento protocolar entre os dois países, o Itamaraty nega qualquer mal-estar com Teerã e vice-versa. Adotando uma estratégia amigável, em Brasília, o embaixador iraniano evitou novas polêmicas sobre o caso Sakineh, mas ressaltou que o Irã defenderá a presença do Brasil em qualquer negociação sobre seu programa nuclear.
O presidente Lula traz a esperança e o apoio dos países em desenvolvimento à discussão afirmou Shaterzadeh.
Enquanto cresce o temor de que Sakineh seja executada a qualquer momento, o jornal britânico Guardian sugeriu ontem que a repercussão mundial do caso esteja levando o Irã a rever penas impostas a outras condenadas. O diário cita Mariam Ghorbanzadeh, de 25 anos. Inicialmente condenada ao apedrejamento por adultério, a jovem, que abortou após ser espancada na cadeia, teve a sentença mudada para enforcamento.
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