Presidente surpreende aliados e oposicionistas, que viam sua inexperiência parlamentar como risco para a governabilidade
Cristiane Jungblut e Isabel Braga
BRASÍLIA. Criticada por aliados e oposicionistas pela falta de experiência parlamentar e pela pouca paciência com o jogo político quando era ministra da Casa Civil, a presidente Dilma Rousseff conseguiu no primeiro embate com a Câmara o que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou em oito anos: enquadrar o PMDB, que deu 100% de aprovação na votação do salário mínimo. Mas não foi com carinhos e passando a mão na cabeça dos rebeldes. Do Planalto os recados davam conta de que os dissidentes seriam tratados a pão e água.
Agora, Dilma espera a mesma "lealdade" na votação do mínimo pelo Senado. Pelo menos nesse inicio de governo, Dilma aliou dois fatores: a força de uma gestão nova, o que é comum nos primeiros 100 dias, e ameaças de suspensão de nomeações e cortes ainda maiores nas emendas parlamentares. A dúvida entre aliados é até quando essa unidade persistirá e qual será o preço cobrado pelos aliados, em especial o PMDB, que já começou a apresentar a "fatura", ou seja, os nomes para cargos de estatais e escalões menores.
A sorte da presidente Dilma é que ela não apresentou uma agenda forte no Congresso, como Lula em 2003, com as reformas da Previdência e do sistema tributário. Por isso, o novo teste da base pode demorar.
Agradecimentos aos fiéis e castigos aos infiéis
Cristiane Jungblut e Isabel Braga
BRASÍLIA. Criticada por aliados e oposicionistas pela falta de experiência parlamentar e pela pouca paciência com o jogo político quando era ministra da Casa Civil, a presidente Dilma Rousseff conseguiu no primeiro embate com a Câmara o que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou em oito anos: enquadrar o PMDB, que deu 100% de aprovação na votação do salário mínimo. Mas não foi com carinhos e passando a mão na cabeça dos rebeldes. Do Planalto os recados davam conta de que os dissidentes seriam tratados a pão e água.
Agora, Dilma espera a mesma "lealdade" na votação do mínimo pelo Senado. Pelo menos nesse inicio de governo, Dilma aliou dois fatores: a força de uma gestão nova, o que é comum nos primeiros 100 dias, e ameaças de suspensão de nomeações e cortes ainda maiores nas emendas parlamentares. A dúvida entre aliados é até quando essa unidade persistirá e qual será o preço cobrado pelos aliados, em especial o PMDB, que já começou a apresentar a "fatura", ou seja, os nomes para cargos de estatais e escalões menores.
A sorte da presidente Dilma é que ela não apresentou uma agenda forte no Congresso, como Lula em 2003, com as reformas da Previdência e do sistema tributário. Por isso, o novo teste da base pode demorar.
Agradecimentos aos fiéis e castigos aos infiéis
O estilo da presidente se mostrou já no dia da votação. Assim que a Câmara derrubou a emenda do PSDB de R$600 como valor para o mínimo, Dilma telefonou para parabenizar o líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Dilma também fez questão de ligar e agradecer ao deputado Vicentinho (PT-SP), que assumiu o desgaste de defender os R$545 contra os R$560 das centrais sindicais.
Já no dia seguinte, ela chamou os líderes do governo na Câmara e no Senado e avisou: os infiéis serão tratados como se fossem da oposição. No caso da liberação de emendas - daquelas que sobreviverem aos cortes -, a sistemática será a seguinte: aqueles que se comportaram como dissidentes terão o mesmo percentual de liberação que os parlamentares da oposição. Isso significa que trocarão uma média de 52% de empenho (garantia de pagamento futuro) pela média de apenas 26, da oposição.
Outra tática que acalmou os aliados foi a seguinte: o governo escolheu o deputado Vicentinho, ex-presidente da CUT para ser o relator do projeto do salário mínimo, isolando a Força Sindical, cujo presidente, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) defendia R$560. A tática deu certo: os sindicalistas da CUT praticamente desapareceram da votação. Além disso, o governo jogou uma bandeira para os sindicalistas: a correção do Imposto de Renda em 4,5%.
- Pelo fato de ser um governo novo, se espera muito de ambas as partes. E, por esperar muito do governo dela, o Congresso presenteia com uma dosagem enorme de confiança. Ela foi, no mínimo, gentil, e o ministro Luiz Sérgio ligou a todos os líderes, agradecendo o nosso trabalho. Um diferencial da valorização do trabalho - disse o novo líder do PR, Lincoln Portela (MG), que foi vice-líder do partido no governo Lula.
FONTE: O GLOBO
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