Maior alvo dos tucanos é a Força Sindical do deputado Paulinho, que divergiu do governo na questão do mínimo
Senador diz que não há social-democracia sem base sindical; serrista diverge de aliado e acha que PT utiliza centrais
Vera Magalhães
SÃO PAULO - O encontro com representantes das centrais sindicais na semana passada foi o ensaio de uma estratégia mais ampla do PSDB para tentar obter uma interlocução com as entidades trabalhistas.
O diagnóstico é que, para voltar ao poder, o partido precisa ampliar sua base social e romper o monopólio do PT junto às centrais sindicais -que, além de reunirem expressivo número de filiados, dispõem de ampla estrutura de propaganda política.
A aproximação com os sindicatos faz parte do projeto do senador Aécio Neves (MG) para tentar se cacifar para a eleição presidencial de 2014.
O principal alvo dos tucanos é a Força Sindical, ligada ao PDT do ministro Carlos Lupi (Trabalho) e de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
A aproximação entre Aécio e Paulinho irritou tanto o Palácio do Planalto quanto a ala tucana ligada a José Serra, que defendia R$ 600 para o mínimo. Aécio encampou os valor das centrais: R$ 560.
Em Minas, a Força apoiou a eleição de Aécio e do governador Antonio Anastasia. A Social Democracia Sindical e a CGT (Central Geral dos Trabalhadores) também gravitam na órbita tucana.
BLOCO MONOLÍTICO
Apesar da derrota inconteste que sofreu na votação do mínimo, a oposição avalia que o debate serviu para provocar a primeira cizânia na unidade sindical em torno do governo, inabalável na gestão Luiz Inácio Lula da Silva.
Além da já umbilical ligação entre a CUT e o PT, Lula conseguiu fidelizar também as demais entidades.
Isso se deu graças à divisão de cargos em organismos do governo e, principalmente, ao repasse do imposto sindical para as seis centrais, o que irrigou seus cofres com R$ 146 milhões desde 2008.
Ricardo Antunes, professor de Sociologia do Trabalho da Unicamp, já comparou o movimento feito por Lula à relação entre os sindicatos e Getúlio Vargas, criador do imposto sindical.
Outros estudiosos chamaram o fenômeno de "neopeleguismo", novamente em alusão à era Vargas.
"Não podemos deixar como única alternativa para essas forças se aliar ao PT", disse Aécio à Folha. Ele argumenta que "não existe partido social-democrata no mundo sem uma seção sindical".
Num sinal de que também esse tema não é unânime no PSDB, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), um dos principais porta-vozes do grupo serrista, acha que o partido não deve buscar com os sindicatos a mesma relação que o PT criou.
"Sempre tivemos ponte com o movimento sindical, mas nunca tivemos a intenção de aparelhá-lo."
Ele criticou o fato de as centrais serem "alimentadas pelo imposto sindical" e atuarem como "correia de transmissão do governo".
Sobre os embates entre sindicatos como a Apeoesp (que reúne os professores paulistas) e o governo tucano em SP, Nunes diz que essas entidades atuam como partidos. "São inimigos dos progressos na educação."
Ele defende que a interlocução do PSDB com o movimento sindical se dê por meio de entidades independentes. "Respeitamos a autonomia sindical."
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Senador diz que não há social-democracia sem base sindical; serrista diverge de aliado e acha que PT utiliza centrais
Vera Magalhães
SÃO PAULO - O encontro com representantes das centrais sindicais na semana passada foi o ensaio de uma estratégia mais ampla do PSDB para tentar obter uma interlocução com as entidades trabalhistas.
O diagnóstico é que, para voltar ao poder, o partido precisa ampliar sua base social e romper o monopólio do PT junto às centrais sindicais -que, além de reunirem expressivo número de filiados, dispõem de ampla estrutura de propaganda política.
A aproximação com os sindicatos faz parte do projeto do senador Aécio Neves (MG) para tentar se cacifar para a eleição presidencial de 2014.
O principal alvo dos tucanos é a Força Sindical, ligada ao PDT do ministro Carlos Lupi (Trabalho) e de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
A aproximação entre Aécio e Paulinho irritou tanto o Palácio do Planalto quanto a ala tucana ligada a José Serra, que defendia R$ 600 para o mínimo. Aécio encampou os valor das centrais: R$ 560.
Em Minas, a Força apoiou a eleição de Aécio e do governador Antonio Anastasia. A Social Democracia Sindical e a CGT (Central Geral dos Trabalhadores) também gravitam na órbita tucana.
BLOCO MONOLÍTICO
Apesar da derrota inconteste que sofreu na votação do mínimo, a oposição avalia que o debate serviu para provocar a primeira cizânia na unidade sindical em torno do governo, inabalável na gestão Luiz Inácio Lula da Silva.
Além da já umbilical ligação entre a CUT e o PT, Lula conseguiu fidelizar também as demais entidades.
Isso se deu graças à divisão de cargos em organismos do governo e, principalmente, ao repasse do imposto sindical para as seis centrais, o que irrigou seus cofres com R$ 146 milhões desde 2008.
Ricardo Antunes, professor de Sociologia do Trabalho da Unicamp, já comparou o movimento feito por Lula à relação entre os sindicatos e Getúlio Vargas, criador do imposto sindical.
Outros estudiosos chamaram o fenômeno de "neopeleguismo", novamente em alusão à era Vargas.
"Não podemos deixar como única alternativa para essas forças se aliar ao PT", disse Aécio à Folha. Ele argumenta que "não existe partido social-democrata no mundo sem uma seção sindical".
Num sinal de que também esse tema não é unânime no PSDB, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), um dos principais porta-vozes do grupo serrista, acha que o partido não deve buscar com os sindicatos a mesma relação que o PT criou.
"Sempre tivemos ponte com o movimento sindical, mas nunca tivemos a intenção de aparelhá-lo."
Ele criticou o fato de as centrais serem "alimentadas pelo imposto sindical" e atuarem como "correia de transmissão do governo".
Sobre os embates entre sindicatos como a Apeoesp (que reúne os professores paulistas) e o governo tucano em SP, Nunes diz que essas entidades atuam como partidos. "São inimigos dos progressos na educação."
Ele defende que a interlocução do PSDB com o movimento sindical se dê por meio de entidades independentes. "Respeitamos a autonomia sindical."
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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