Em reunião de três horas com 28 grandes empresários, Dilma Rousseff ouviu apelos por redução da carga tributária e contra importações, mas não anunciou nenhuma medida concreta.
Ela pediu aos empresários que tenham "instinto animal" para ampliar seus investimentos
Governo acena para indústria com novas medidas de estímulo
Dilma se reúne com empresários e banqueiros e pede "instinto animal" para reativar crescimento
Em meio a crise, presidente promete privatização de portos, redução de impostos e ação contra importação
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff deixou de lado ontem a crise que enfrenta com os partidos da base aliada e reuniu, pela primeira vez em seu mandato, os pesos-pesados do PIB (Produto Interno Bruto) para discutir a retomada do crescimento da economia.
Numa reunião de três horas e meia com 28 banqueiros e empresários dos mais variados setores, Dilma não anunciou nenhuma medida concreta, mas acenou com a privatização de portos, prometeu defesa forte da indústria brasileira e acenou com redução de impostos.
Dos empresários, a presidente ouviu apelos por redução da carga tributária, medidas para conter a valorização do real em relação ao dólar e conter importações.
Aos convidados, Dilma afirmou que apresentará novas medidas de estímulo econômico após retornar de sua viagem à Índia, na semana que vem. Ela pediu "instinto animal" aos empresários para ampliar investimentos.
A presidente disse que a "próxima grande discussão do governo" será a privatização dos portos, onde o governo estuda adotar um modelo de concessões semelhante ao usado nos aeroportos.
Ela instou os empresários a pressionar os congressistas para que aprovem um projeto de resolução do Senado que acaba com os incentivos fiscais que alguns governos estaduais concedem para promover importações, o que aumenta o movimento em seus portos mas prejudica as indústrias de outros Estados.
De acordo com relatos dos empresários, Dilma afirmou que irá "defender" o mercado doméstico sem fechar a economia brasileira à entrada de produtos estrangeiros, além de evitar uma valorização maior do real sem alimentar a inflação.
O objetivo, disse, é aumentar a produtividade em todos os setores. Nas palavras da presidente, seria preciso buscar uma combinação mais favorável da taxa de juros com a taxa de câmbio.
Seguindo a orientação da presidente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse estar aberto a conversas com qualquer setor da indústria que quiser redução dos impostos que incidem sobre a folha de pagamentos.
"Nós continuaremos a fazer politicas de intervenção no câmbio que não permitam que o real se valorize, que as mercadorias brasileiras fiquem caras", afirmou Mantega. "Isso é um compromisso do governo."
Dilma prometeu acelerar investimentos federais em infraestrutura e disse que o objetivo do governo é elevar a taxa de investimento no Brasil para 24% do PIB (Produto Interno Bruto).
A meta é vista com ceticismo no próprio Ministério da Fazenda. No ano passado, a taxa de investimento da economia brasileira atingiu 19,3% do PIB.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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