Ideia é editar medida provisória pouco antes do início do evento se proibições estaduais não forem revistas
Uso de álcool é vetado nas arenas de 7 dos 12 Estados-sede, o que pode levar Fifa a ter que negociar acordos
Valdo Cruz, Natuza Nery, Catia Seabra e Maria Clara Cabral
BRASÍLIA - O governo Dilma Rousseff estuda editar, a poucos dias do início da Copa do Mundo de 2014, uma medida provisória liberando a venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante o evento.
A medida entrou em análise no Executivo após o governo federal decidir retirar do texto da Lei Geral da Copa, em tramitação na Câmara dos Deputados, artigo que liberava explicitamente o consumo da bebidas.
Com isso, a Fifa teria de negociar com os sete Estados que hoje vetam o consumo de álcool dentro de estádios.
A medida provisória só será usada em uma situação de emergência, caso essas normas estaduais não sejam mudadas até então.
O objetivo do governo é garantir que seja cumprido o compromisso firmado do Brasil com a Fifa de permitir a venda de cerveja nas arenas.
Eficácia
Uma medida provisória tem eficácia imediata de lei. Como tem um prazo de validade de 120 dias, dificilmente seria alterada por deputados e senadores durante a realização do evento.
Isso porque a Copa dura cerca de um mês, período em que o Legislativo deve estar em recesso.
De qualquer maneira, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, recebeu a incumbência de ajudar a Fifa a convencer os Estados que proíbem o consumo de bebida alcoólica nos estádios a revogar suas leis durante a competição.
Aldo disse anteontem, entretanto, que no seu entender não é nem mesmo necessária alteração nas normas estaduais, já que o texto da lei geral suspende artigo do Estatuto do Torcedor que contém a proibição. Essa interpretação não é consensual.
As idas e vindas do governo em relação ao consumo de álcool no mundial acentuaram a crise no Congresso Nacional e ajudaram a retardar a votação da Lei Geral no plenário da Câmara.
Preocupada com os efeitos da "operação tartaruga" entre as legendas aliadas, que anteontem levou a um novo adiamento da votação da lei, até a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) passou a tentar convencer a presidente da República a ceder e a negociar.
PMDB
Lideradas pelo PMDB, as siglas da base aliada condicionam a análise da Lei Geral à definição de um calendário de votação do Código Florestal, que o governo quer adiar por temer uma derrota.
Além da ministra, o próprio líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), rendeu-se à evidência de que, sem um acordo sobre o Código Florestal, dificilmente o Executivo aprovará a Lei Geral da Copa.
"O PT é amigo e parceiro do setor produtivo. Os ruralistas não são inimigos do Brasil", disse, se referindo à ação do setor por mudanças no Código Florestal.
A estratégia do governo, porém, é tentar desvincular a votação da Copa da discussão do Código Florestal.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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