sexta-feira, 23 de março de 2012

Impasse amplia força de Temer

O vice-presidente Michel Temer tem aproveitado as resistências da base aliada aos novos líderes no Congresso — Eduardo Braga (PMDB-AM) no Senado e Arlindo Chinaglia (PT-SP) na Câmara — e à ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para intensificar seu leque de articulação política. As conversas, antes mais restritas ao PMDB, ampliaram-se para as demais legendas insatisfeitas com o governo, como o PR, o PTB e o PSC. "Ele é uma referência para nós, é um craque e conhece esta Casa melhor que todo mundo", afirma o deputado federal Hugo Leal (PSC-RJ).

Uma das queixas dos aliados é justamente o fato de a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, nunca ter sido deputada, o que dificultaria a interlocução com os parlamentares da Casa. "O Temer nos entende melhor do que qualquer ministro", provoca Leal.

Temer sempre foi apontado como o principal interlocutor com o PMDB no Congresso. O gabinete da vice-presidência no Palácio do Planalto era encarado pelos petistas como um "reduto de conspiração contra o PT". No início da crise peemedebista com o Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff incumbiu Temer de receber as reivindicações e controlar os dissidentes da legenda.

Agora, os rebelados se ampliaram. "O presidente Temer é muito tranquilo, sempre é bom escutá-lo nesses momentos de dificuldades", afirmou o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), que esteve no gabinete de Temer acompanhado pelo vice-líder do governo na Casa, Luciano Castro (PR-RR). "Sou amigo do Temer há muitos anos, mas ele é discreto nessas conversas. Não pediu nem para que o PR apoie o Chalita (Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB à prefeitura de São Paulo)", brincou Castro.

O vice-presidente sabe que é arriscado dinamitar pontes e passar a imagem que está acima de Ideli. "O trabalho de articulação política tem de ser feito pelo titular das Relações Institucionais, meu trabalho é apenas ajudar nas conversas quando solicitado", tem dito ele a pessoas mais próximas. Alguns políticos incomodados com essa atuação do vice-presidente, afirmam que as ações recentes visam mostrar à presidente e ao PT que é fundamental ter o PMDB próximo do Executivo para manter um mínimo de governabilidade. E que isso seria uma estratégia para coibir os avanços do PSB e do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que estaria de olho na vaga de Temer em 2014.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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