Paulo de Tarso Lyra e Étore Medeiros – Correio Braziliense
A direção nacional do PP preparará um documento oficial autorizando os dissidentes da legenda a utilizarem a imagem do pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves (MG) , nas propagandas televisivas dos candidatos estaduais do partido. Ontem, durante almoço com a presidente Dilma Rousseff, o presidente nacional da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), prometeu uma coligação formal com o PT nas eleições presidenciais deste ano, o que incrementa o tempo de tevê de Dilma. Mas ressaltou que nos estados não há imposição de apoio.
A portaria interna foi idealizada e está sendo redigida pelo senador Francisco Dornelles (RJ), primo de Aécio e entusiasta da candidatura tucana. Em 2010, por muito pouco, o PP não aderiu à campanha do PSDB. Dornelles chegou a ser cotado como vice de Aécio, mas o candidato tucano escolhido à época foi José Serra. A estratégia beneficia sobretudo a senadora Ana Amélia, candidata do partido ao governo gaúcho. Além do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, o PP estará com Aécio em Minas Gerais, já que a legenda tem o governador Alberto Pinto Coelho, que assumiu após a renúncia de Antonio Anastasia.
Durante almoço com a cúpula do PP, a presidente Dilma elogiou a lealdade do partido, especialmente em programas como o Minha Casa, Minha Vida. Também comentou, em conversas reservadas, o êxito do Programa Mais Médicos, reforçando a percepção de que este assunto será abordado à exaustão na campanha.
Pouca força
O senador Aécio Neves minimizou o apoio oferecido ontem pelo PP à reeleição de Dilma. Para o senador, a parceria nacional da sigla não significa nada para o PT além de tempo de propaganda eleitoral na televisão. "Nos estados, a insatisfação com a gestão da petista está refletida na composição de alianças abertamente contrárias à continuidade de Dilma no Palácio do Planalto." Neves comemora ainda que setores do PP — que é da base do governo — tenham debandado e estejam hoje alinhados com os tucanos.
"O governo possibilita que ela atraia, com os espaços do governo, com a distribuição de cargos, vários partidos políticos. A presidente vai ter um tempo de televisão maior do que todos nós, mas não terá apoio regional em muitos lugares", analisa.
Eduardo sem visão de revanche
PSB e PT divergiram ontem sobre a revisão da Lei da Anistia, debate que foi reforçado após os avanços nas investigações do assassinato do ex-deputado Rubens Paiva. Durante reunião da Executiva Nacional, os petistas defenderam que a Lei da Anistia fosse revista, abrindo espaço para a punição dos crimes praticados na ditadura. Para o presidenciável do PSB, não há espaço para essa discussão hoje. "A Lei da Anistia foi para todos os lados. O importante não é ter uma visão de revanche. Essa foi a regra que nós aceitamos para fazermos a transição democrática."
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