• Diversas categorias aproveitam ano eleitoral e realização da Copa do Mundo no Brasil para reivindicar reajuste e melhorias nas condições de trabalho. Centrais sindicais dizem que momento é oportuno para pressionar governantes
Patrycia Monteiro Rizzotto – Brasil Econômico
As greves de várias categorias profissionais, em diferentes estados, aumentaram nos últimos dias, com manifestações de rua, aproveitando, na maioria dos casos, a proximidade da Copa do Mundo. Ontem, professores da rede municipal de ensino de São Paulo realizaram protesto no centro da capital para reivindicar reajuste salarial e melhores condições de trabalho. A categoria já está há um mês em greve. Também estão suspensas as atividades dos servidores públicos da Prefeitura de São Paulo e dos professores e funcionários da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que reagem contra o anúncio de congelamento de salários.
No Rio de Janeiro, rodoviários dissidentes do Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Urbano decidiram entrar em greve por 24 horas a partir da zero hora de hoje. Por determinação da Justiça, os rodoviários deverão manter 30% da frota de ônibus trafegando nas ruas da capital fluminense. Uma nova assembleia acontecerá na sexta-feira. Ontem ainda, policiais civis do Rio fizeram passeata no Centro da cidade para exigir a incorporação de uma gratificação ao salário-base de ativos, aposentados e pensionistas. Professores da rede pública estadual, em greve desde o dia 12, tiveram a paralisação considerada ilegal pela Justiça, que determinou a volta imediata ao trabalho, sob o risco de o governo cortar o ponto e descontar o salário dos grevistas e de os sindicatos serem obrigados a desembolsar R$ 300 mil em multas. Hoje haverá assembleia para decidir se a paralisação será mantida.
Até o fechamento desta edição, era a grande a expectativa em torno do resultado da assembleia dos metroviários de São Paulo, na noite de ontem. A categoria está em estado de greve e a paralisação de suas atividades promete causar grande transtorno à população paulistana, prejudicando não apenas os 3,8 milhões de usuários do Metrô, mas também o transporte coletivo, causando impacto negativo no já caótico trânsito de São Paulo. De acordo com Onofre Gonçalves, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) de São Paulo, as negociações salariais e as greves fazem parte do calendário do mês de maio no país.
Contudo, este é um ano atípico, de realização da Copa do Mundo no Brasil e eleições, o que dá mais poder de pressão aos trabalhadores. "Não estamos contra a Copa, nem insatisfeitos com o governo federal, mas queremos aproveitar a oportunidade para reivindicar mais direitos aos trabalhadores, pegando carona na visibilidade da Copa e no momento de transição política", afirma. Para Rogério Giannini, secretário de Relações do Trabalho da CUT de São Paulo, não há razões exógenas por trás das greves realizadas atualmente no Brasil, mas em ano eleitoral é natural que os trabalhadores, sobretudo os do serviço público, questionem seus patrões que são os gestores públicos que pleiteiam renovação de mandatos. "Ano eleitoral é uma boa oportunidade para reivindicar direitos e pleitear melhorias nas condições de trabalho porque quer queira, quer não, quem está no poder sofre desgaste político com a realização das greves", diz.
BC e rodoviários em Salvador e Maranhão param
Técnicos do Banco Central (BC) pretendem iniciar hoje paralisação de 24 horas para reivindicar a exigência de nível superior nos concursos do BC para esses cargos. Atualmente, só é exigido nível superior para analistas. Segundo o presidente do Sindicato dos Técnicos do Banco Central em Brasília, José Willekens Brasil, há hoje desvios de função, com analistas exercendo as mesmas funções dos técnicos, mas com salário maior.
Willekens disse que o BC tem cerca de 560 técnicos e que a paralisação poderá afetar, por exemplo, a distribuição de dinheiro nas capitais e a segurança nos prédios da autarquia. Em Salvador (BA) e São Luís do Maranhão (MA), os usuários de ônibus enfrentaram uma manhã caótica ontem.
Em busca de aumentos salariais e de melhores condições de trabalho, rodoviários das duas capitais nordestinas cruzaram os braços e se somaram às paralisações parciais que já vinham ocorrendo nos últimos dias. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado da Bahia, a adesão é de quase 100%. Também em São Luís, o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão informou que quase a totalidade dos rodoviários aderiu à paralisação.
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