Rodrigo Pedroso e André Borges – Valor Econômico
SÃO PAULO e BRASÍLIA - Depois de protestos e greves em quatro capitais do país ontem, novas paralisações estão marcadas para esta quarta-feira. No Rio de Janeiro, rodoviários estão em greve por 24 horas desde a zero hora de hoje. Em São Paulo, servidores municipais de outras áreas aderiram à paralisação dos professores.
Ontem, manifestantes contra a Copa entraram em confronto com a polícia e travaram o centro de Brasília. Já em Salvador e São Luís, funcionários das empresas de ônibus cruzaram os braços mesmo após acordo entre sindicatos patronais e de trabalhadores.
No Rio de Janeiro, a prefeitura informou que a Polícia Militar deve garantir a segurança na saída das garagens de ônibus, nas estações do BRT Transoeste e nos terminais para aqueles que optarem por não aderir à paralisação. Os rodoviários são contra o acordo fechado em abril pelo sindicato dos motoristas e cobradores com as empresas de ônibus, que garantia reposição salarial de 10%, e argumentam que o sindicato fechou acordo sem ouvir o conjunto da categoria, que reivindica aumento salarial de 40%.
Em São Paulo, cerca de 2,3 mil professores municipais decidiram manter a greve após assembleia realizada ontem. Além dos professores, servidores das demais áreas da administração municipal e que também participavam do ato anunciaram greve. Os metroviários, por sua vez, prometeram greve a partir do dia 5 de junho depois de rejeitarem nova proposta de reajuste salarial.
Segundo Vlamir Lima, dirigente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), a prefeitura quer negociar por categoria, enquanto os servidores pedem um acordo conjunto.
O sindicato representa todos os servidores, com exceção dos professores. A única categoria que decidiu não aderir a paralisação são os guardas civis metropolitanos.
Ainda ontem, em Brasília, um grupo de aproximadamente mil manifestantes paralisou completamente o trânsito ontem no Plano Piloto, região central da capital federal. O chamado "eixo monumental", que funciona como uma das principais rotas de saída da cidade, ficou por pelo menos uma hora absolutamente travado, causando um caos no trânsito. A polícia usou bombas de efeito moral. Houve correria entre os manifestantes. Um grupo de pessoas tentou atingir a cavalaria, que reagiu com mais bombas. O ato, também marcado para hoje, aconteceu nos arredores do estádio Mané Garrincha. A taça da Copa do Mundo está exposta na arena.
Outro protesto, de cerca de 300 índios, segundo a polícia, ocupou a marquise do Congresso Nacional. O grupo cantou e dançou num protesto pacífico em defesa dos direitos dos povos indígenas. Antes, tentaram subir a rampa do Palácio do Planalto e fizeram uma pajelança na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), pela demarcação de suas terras. Os índios pretendem ficar acampados até quinta-feira.
Em Salvador, 1,5 milhão de pessoas ficaram sem ônibus de acordo com estimativa da prefeitura. Houve paralisação total da frota após motoristas e cobradores não acatarem o acordo feito pela direção do sindicato. Foram registrados protestos e piquetes na porta das garagens das empresas.
O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) havia determinado que uma frota mínima com 50% dos ônibus circulasse na capital baiana, chegando a 70% nos horários de pico. O não cumprimento da ordem vai gerar multa de R$ 100 mil por dia ao sindicato. Sem ônibus, muitas lojas, clínicas, bares e restaurantes não abriram as portas.
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), disse enfrentar dificuldade para dialogar com motoristas e cobradores de ônibus. "É inegável que é difícil ter uma interlocução quando não há uma liderança no movimento", afirmou.
No sexto dia de greve, motoristas e cobradores pararam 100% dos ônibus em São Luís. Segundo o sindicato dos trabalhadores, a estratégia foi adotada porque, desde o início da paralisação, não houve avanço nas negociações. Até anteontem, 70% da frota circulava. A greve prejudicou cerca de 750 mil passageiros. Os rodoviários reivindicam reajuste de 16% e melhorias nas condições de trabalho. (Com agências noticiosas)
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