Correio Braziliense
O PSD de Gilberto Kassab sai muito
fortalecido dessa disputa, trazendo consigo a vitória em primeiro turno de
Eduardo Paes no Rio de Janeiro e a chance de conquistar até seis novas
prefeituras no próximo domingo, inclusive Belo Horizonte e Curitiba
Neste domingo, teremos a disputa de segundo
turno em 51 municípios, entre eles, 15 capitais, mas o resultado do primeiro
turno trouxe algumas confirmações e a indicação de algumas tendências. Mesmo
nos 103 locais com possibilidade de segundo turno, por terem mais de 200 mil
eleitores, em pouco mais da metade (52), a parada foi resolvida dia 6 de
outubro.
Como apontamos na coluna publicada dia 26 de janeiro deste ano, na imensa maioria dos 5.569 municípios, a polarização nacional não teve peso no voto do eleitor, tendo sido preponderante a discussão de temas locais, bem como a imagem de candidatos e candidatas. Com raras exceções, quem tentou nacionalizar o debate nessas cidades não obteve êxito, até porque, na eleição municipal, a nacionalização interfere, mas não decide.
Outra característica previamente registrada e
também validada era o favoritismo à reeleição de prefeitos e prefeitas com
avaliações altamente positivas de seus mandatos. Segundo levantamento da
Confederação Nacional de Municípios, de 3.006 que concorreram, 2.444 foram
reeleitos, um percentual superior a 81% de sucesso nas urnas.
Porém, na alta velocidade que marca os tempos
atuais, tudo isso é passado. O importante agora é extrair informações e dados
que permitam identificar as tendências que marcarão os próximos movimentos
políticos com vistas às eleições gerais de 2026.
Quando se olha para o conjunto das
prefeituras, é notória a predominância de candidaturas vitoriosas vinculadas a
partidos de centro, centro-direita e de direita. Tomando por base a quantidade
de municípios em ordem decrescente, combinado com a de vereadores eleitos,
temos o seguinte quadro: PSD — 877, com 6.625 vereadores; MDB — 846, com 8.114
vereadores; PP — 743, com 6.953 vereadores; União Brasil — 578, com 5.490
vereadores; PL — 509, com 4.961 vereadores; Republicanos — 430, com 4.649
vereadores. O total representado por esses seis partidos é de 3.983 municípios,
com 37.242 vereadores.
Por esse mesmo critério, os partidos de
esquerda e centro-esquerda tiveram o seguinte desempenho: PSB — 307, com 3.593
vereadores; PT — 248, com 3.130 vereadores; PDT — 148 com 2.503 vereadores;
PCdoB — 19 com 354 vereadores; Rede — 4, com 172 vereadores; PSol — 0, com 80
vereadores. O total representado por esses seis partidos é de 726 municípios,
com 9.832 vereadores.
Outra maneira de avaliar é verificar pelo
total de votos obtidos, medidos em milhões. Nesse cenário, em ordem
decrescente, temos o seguinte para o primeiro grupo de partidos: PL — 15,7; PSD
— 14,5; MDB — 14,4; União Brasil — 11,3; PP - 9,9; Republicanos — 7,4. O total
de votos nesses seis partidos foi de 73,2 milhões.
Já no segundo grupo, os números, em ordem
decrescente, são: PT — 8,9; PSB — 6,5; PDT — 3,2; PSol — 2,6; PCdoB — 0,3; Rede
— 0,1. O total de votos nesses seis partidos foi de 21,6 milhões.
Considerando as duas formas de apuração e
fazendo a proporção entre os dois grupos, o primeiro vai administrar 5,5 vezes
mais prefeituras, com 3,8 vezes o número de vereadores e tendo obtido 3,4 vezes
mais votos. É uma vantagem gigantesca!
Porém, se é correto afirmar que política
eleitoral tem ciência, há que se reconhecer que não se trata de ciência exata.
Por isso, não se pode projetar 2026 apenas com base nos números acima, sendo
fundamental perceber os movimentos dessas agremiações e de suas principais
lideranças.
Nesse sentido, o PSD de Gilberto Kassab sai
muito fortalecido dessa disputa, trazendo consigo a vitória em primeiro turno
de Eduardo Paes no Rio de Janeiro e a chance de conquistar até seis novas
prefeituras no próximo domingo, inclusive Belo Horizonte e Curitiba. Outra
liderança política que se cacifou é Tarcísio Freitas, principal responsável por
levar Ricardo Nunes ao segundo turno, com reais chances de vitória.
É possível, e também provável, que, nos
próximos meses, assistamos aos movimentos para criação de federações
partidárias, unindo, por exemplo, PSD e MDB, ou ainda União Brasil, PP e
Republicanos. Ao darem esses possíveis passos, estão pavimentando o caminho
para se colocarem como atores relevantes nas negociações com os dois polos
principais no país: Lula, pelo PT, e Bolsonaro, pelo PL. Além disso, tendem a
abrigar futuras candidaturas de viés conservador ao Senado Federal, que
renovará dois terços de sua atual composição nas próximas eleições gerais.
Mudando o ponto de vista, é importante
analisarmos o quadro de lideranças políticas que emergiram considerando o
aspecto geracional. Afinal, o tempo passa para todos.
*Consultor em estratégia
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