O Estado de S. Paulo
A commodity mais exposta ao impacto da guerra
entre Israel e Irã é o petróleo. É o principal produto de exportação do Irã e
da maioria dos países da região.
Por enquanto, o bombardeio de Israel não
atingiu campos importantes de produção de petróleo e gás do Irã, nem há
registro de que refinarias tenham sido duramente danificadas.
Ainda assim, os preços do petróleo tipo Brent
subiram 26% em junho. Por toda parte, analistas farejam novos riscos, já que
não há clareza sobre como evoluirão as hostilidades. Daí, a forte volatilidade
das cotações.
O principal risco para o fluxo do mercado seria o bloqueio do Estreito de Ormuz, que liga o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã. Por lá passam entre 20% e 30% do petróleo consumido no mundo. Caso o bloqueio ocorra, esse petróleo teria de ser escoado por rotas muito mais longas – o que elevaria custos.
A possível derrubada do regime dos aiatolás
não elimina as dúvidas, pois não se sabe como se organizaria um governo no Irã
a partir das forças que hoje estão na oposição. É preciso saber, ainda, qual
seria a reação do cartel da Opep à eventual persistência da alta dos preços. Se
a decisão for aumentar a produção e a oferta de petróleo e gás, os preços
poderiam voltar a ceder.
Um dos efeitos da queda das cotações de
petróleo registrada antes da deflagração da guerra foi a grande perda de
competitividade do petróleo de xisto produzido nos Estados Unidos, que opera a
custos superiores a US$ 65 por barril. O presidente Trump tinha interesse em
estimular a produção desse petróleo. Mas o tarifaço produziu efeito contrário,
ao apontar para uma desaceleração da produção econômica global e, a partir daí,
para uma queda no consumo de petróleo. Essa desaceleração do PIB explica o
tombo das cotações no período imediatamente anterior ao início da guerra.
Quando a Opep aumenta a produção e, assim,
provoca queda nos preços, pode não estar trabalhando contra seus interesses.
Pode estar trabalhando a favor, pois tende a alijar do mercado produtores que
operam com custos mais altos.
A Petrobras exporta hoje pouco mais de 50% do
petróleo bruto que produz no Brasil. Nesse sentido, uma alta consistente nos
preços do petróleo não só poderia beneficiá-la, como também aumentaria a
receita do governo com royalties, que se baseiam nos preços em dólares.
No entanto, essa alta não arma toda a
equação, porque é preciso observar como se ajustam os preços no mercado local.
A Petrobras trabalha hoje com regras obscuras de fixação dos preços dos
combustíveis internos. É o que o presidente Lula chamou de “abrasileiramento”
da Paridade dos Preços Internacionais, cujo objetivo é aliviar o custo de vida
da população.
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