O Globo
Lula precisa fazer mudanças drásticas no
governo se quiser evitar uma derrota em 2026. O alerta não é da oposição. Vem
de três dos quatro candidatos à presidência do PT.
Às vésperas das eleições no partido, Rui
Falcão, Valter Pomar e Romênio Pereira traçam um cenário sombrio para o
Planalto. Preferido de Lula, Edinho Silva está sozinho na defesa da gestão
atual.
“Ou o governo muda ou o povo muda de governo”, disse Romênio na noite de terça, em debate no Rio. Secretário de Relações Internacionais do PT, ele cobrou respostas para a alta taxa de reprovação a Lula. “A gente só gosta de ver pesquisa quando ela é boa”, ironizou.
“Precisa ter mudança na linha política do
governo e na linha do partido”, concordou Pomar. “Estamos perdendo apoio em
nossa base social e eleitoral, como confirmam todas as pesquisas”, prosseguiu.
“Há ilusões entre nós pelo fato de as
pesquisas ainda demonstrarem o presidente Lula liderando”, alertou Falcão, que
já comandou três vezes o PT. “Com tudo o que já fizemos, nossa popularidade
está muito baixa, e isso nos preocupa. É preciso haver uma mudança de rota. É
preciso acabar com a modorra e o alheamento”, advertiu.
“Sabemos que a conjuntura não é favorável a
nós”, reconheceu Edinho. Na defensiva, ele admitiu que o Planalto é refém de um
Congresso movido a emendas e hostil ao PT. “Não estamos vivendo mais num regime
presidencialista”, protestou. “Mesmo numa coalizão, estamos vendo a dificuldade
do presidente Lula para governar.”
Os candidatos divergiram sobre o que fazer
até 2026. Favorito a vencer a eleição interna, Edinho disse que as críticas ao
governo ajudariam a oposição: “Isso está sendo recortado para usarem contra
nós”.
O apelo não comoveu os demais concorrentes.
“Quem avisa amigo é. O eleitor pode nos demitir e nos mandar para um destino
que não queremos”, avisou Romênio. “Lula disse que não queria saber de
puxa-saco nem de tapinha nas costas. Estou seguindo rigorosamente a orientação
do nosso presidente”, provocou Rui.
Num momento constrangedor, Pomar acusou o
capo do PT fluminense, Washington Quaquá, de “promiscuidade com milicianos” e
“enriquecimento incompatível com a atividade política”. Ninguém se animou a
defender o prefeito de Maricá, que apoia Edinho. Mais tarde, num grupo de
mensagens, ele chamou Pomar de “vagabundo” e “caluniador”.
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