O Estado de S. Paulo
Como negociação técnica não funciona, Haddad passou o manche para Gleisi e Costa. O piloto sumiu!
Numa semana de guerra entre Israel e Irã, BC
elevando os juros a 15% ao ano e Congresso impondo três derrotas ardidas ao
governo Lula, o piloto da economia brasileira sumiu! Não importa se com bons
motivos ou não, o fato é que Fernando Haddad parece ter se cansado de problemas
por todos os lados, tirou férias e entregou o manche para Gleisi Hoffmann e Rui
Costa. Apertem os cintos!
Haddad errou nas mudanças do pix e teve de
recuar, errou ao taxar o IOF sem debate prévio e teve de recuar, e errou ao
assumir uma alternativa sem ter garantias da Câmara e do Senado.
Vai ter de recuar? O presidente Lula diz que não. Mas, como a racionalidade não funciona, Haddad jogou o pepino para Gleisi, sua adversária quando era presidente do PT, e Rui Costa, seu maior adversário no Planalto.
O ministro da Fazenda está esgotado e esgotou
as possibilidades técnicas e deixou a “área política” se virar com o senador
Davi Alcolumbre e, particularmente, com o deputado Hugo Motta, que sintetiza o
que ocorre no Congresso: o Centrão se desgarrando do governo, reforçando a
oposição e impondo derrotas a Lula.
Fiel da balança, não é de hoje, o Centrão
manteve um pé no governo (e em ministérios) e outro no bolsonarismo. Ao sentir
que os ventos sopram contra Lula, não teve o menor pudor – como nunca teve – de
pular de barco.
Aos ventos e privilégios, tudo!
Em sequência, a Câmara aprovou urgência para
derrubar o pacote do IOF, o Senado derrubou 12 vetos presidenciais e Alcolumbre
leu o pedido de instalação da CPI mista das duas casas que, oficialmente, é
para a prática salutar de investigar a roubalheira de aposentadorias e pensões
do INSS, mas, na prática, é para azucrinar Lula.
Resumo da ópera: o Congresso se diz grande
defensor do equilíbrio fiscal, mas derruba todas as propostas do governo de
aumentar a arrecadação e aprova as suas próprias propostas de aumentar os
gastos, especialmente os seus. Ao votar contra o IOF, o Congresso não
apresentou nada para sustentar a receita. Ao derrubar os vetos de Lula, ampliou
gastos de R$ 197 bilhões na energia e R$ 164,8 milhões no Fundo Partidário. Por
fim, deu o bote da CPMI, que hibernou com revelações sobre o envolvimento do
governo Bolsonaro e só sai agora, após as pesquisas mostrarem que o ônus caiu
sobre o atual governo.
O piloto da economia sumiu, mas Lula continua
voando por aí. “Se eu for candidato, é para ganhar”, disse no feriado ao
podcast Mano a Mano, enquanto Tarcísio de Freitas comemorava 50 anos enrolado
na bandeira de Israel e cantando para uma multidão espetacular na Marcha para
Jesus em São Paulo. Sei não...
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