Folha de S. Paulo
Lula perde a chance de reagir à
irresponsabilidade do Congresso e é derrotado até quando tem razão
A situação anda tão disfuncional que o
presidente Lula (PT)
perde até quando tem razão. No caso dos vetos derrubados e outros postos em
negociação pelo Congresso que em poucos dias impôs duas vezes prazos
ao governo, a boa prática recomendava a manutenção dos atos presidenciais.
Venceram, contudo, os lobbies ligados ao setor de energia aliados à sanha de
infligir derrotas em série ao Planalto. Isso ao custo de prejuízos
aos consumidores e a poder de completa irresponsabilidade social.
As contas de luz ficarão mais caras, o fundo eleitoral cresce em milhões de reais, mas aos
parlamentares só importou a ideia de que daquela demonstração de força poderiam
extrair dividendos políticos decorrentes de mais uma evidência da fragilidade do Executivo frente ao Legislativo.
O desequilíbrio, de fato, é patente, mas o
mau passo do Congresso seria uma oportunidade de o governo tentar reequilibrar
a balança expondo à sociedade a falsidade contida na cobrança por austeridade
na condução de políticas públicas.
A chance parece perdida por falta de reação imediata. O presidente da República
estava em reunião do G7 onde sua presença era dispensável, o ministro da Fazenda em férias e os líderes no
Parlamento desnorteados.
Tivemos também os ministros da Casa Civil e das Relações Institucionais
acorrendo a Davi
Alcolumbre para, acuados, rezar mais uma vez no altar do presidente
do Senado.
Como resposta, o governo apresenta a
possibilidade de correção em futura medida provisória, cujo destino, contudo,
estará da mesma forma submetido à dinâmica do vale tudo por um nocaute.
A incapacidade de agir para tentar conquistar o apoio da população decorre da
seguinte realidade: Lula não tem força para se indispor com o Congresso nem
cacife para enfrentar os grupos de interesse ali representados.
Ademais, falta ao presidente disposição para corrigir o que anda errado no seu
rumo e sobra-lhe a equivocada convicção de que está no caminho certo.
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