Valor Econômico
Presidente citou governadores como potenciais adversários e disse que quem quiser derrotá-lo terá de fazer mais do que ele faz: ‘Dos que estão aí’, afirmou, ‘duvido alguém que seja capaz’
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
declarou que se for candidato em 2026 “será para ganhar as eleições”. Citou os
governadores Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Junior (PR), Ronaldo Caiado (GO)
e Romeu Zema (MG) como potenciais adversários, os colocou no campo da extrema
direita, e disse que quem quiser derrotá-lo terá de fazer mais do que ele faz.
“Dos que estão aí”, afirmou, “duvido alguém que seja capaz”.
As declarações foram feitas em entrevista ao
podcast “Mano a Mano”, que foi ao ar quinta-feira. No programa, gravado domingo
(15) no Palácio da Alvorada, Lula também criticou o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), falou sobre como a fraude no INSS afetou a popularidade do seu
governo e defendeu o decreto do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras
(IOF).
“O IOF do Haddad [ministro da Fazenda] não tem nada de mais. O Haddad quer que as bets paguem imposto, as fintechs, os bancos, pagar um pouquinho só, para a gente fazer a compensação. Porque toda vez que a gente vai ultrapassar o arcabouço fiscal a gente tem que cortar no Orçamento”, ele disse.
“Essa briga nós temos que fazer. Não dá para
perder toda hora”, acrescentou. Na segunda-feira, um dia depois de Lula
conceder a entrevista, a Câmara aprovou, por larga margem, o requerimento de
urgência para a votação do projeto de decreto legislativo (PDL) que revoga a
alta do IOF.
Os governadores citados por Lula como
possíveis rivais são de partidos de centro-direita, aparecem como cotados para
concorrer à presidência e vêm sendo testados em pesquisas eleitorais. Na mais
recente, divulgada sábado (14) pelo Datafolha, o petista lidera a maioria dos
cenários nas intenções de voto para o primeiro turno - empatando apenas com
Bolsonaro, que está inelegível. Lula perde força, no entanto, no segundo turno.
Aparece tecnicamente empatado com Tarcísio (43% a 42%).
Durante a entrevista, porém, Lula não deu
total certeza de que tentará a reeleição. Ele disse que será candidato se, no
momento eleitoral, estiver com a saúde, vontade e disposição que tem hoje.
O presidente também reconheceu que a fraude
no INSS afetou a popularidade do governo. Ressaltou, no entanto, que os
descontos nas pensões e aposentadorias foram descobertos durante a sua gestão -
em operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União -, mas tiveram
origem no governo de Bolsonaro.
“Quando sai uma denúncia de corrupção no meu
governo, é normal que, no momento, as pessoas pensem que foi no governo Lula,
porque fomos nós que descobrimos. Então, cabe a nós dizer em alto e bom som por
que aconteceu aquela corrupção, quem foi que fez aquilo, quem é a quadrilha que
estava por trás”, afirmou. “Foi no governo Lula a descoberta da maracutaia do
governo Bolsonaro.” A escalada das fraudes, porém, aumentou significativamente
na gestão petista.
Na terça-feira, em sessão conjunta do
Congresso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), fez a leitura do
requerimento de abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para
investigar os desvios nas pensões e aposentadorias. O colegiado será instalado
e os trabalhos devem ter início em agosto.
Governo e oposição tentam atribuir culpa um
ao outro. Enquanto governistas reforçam o discurso de que as fraudes tiveram
origem no governo Bolsonaro, a oposição tenta colar o “selo de corrupção” na
gestão petista.
Segundo as investigações da PF, entidades
fizeram cobranças indevidas em pensões e aposentadorias entre 2019 e 2024. O
esquema teria começado na gestão anterior, mas os efeitos financeiros mais
expressivos teriam sido sentidos em 2023, no atual governo.
Sobre a crise de popularidade, Lula afirmou
que “pesquisa é uma fotografia do momento” e repetiu o discurso que tem adotado
desde o começo do ano: “2025 é o ano da colheita. Nós vamos entregar”.
Lula disse que encontrou o governo
“semidestruído” ao assumir o mandato em 2023, comparou a situação do país sob o
governo Bolsonaro à destruição vista na Faixa de Gaza, e afirmou que o processo
de reconstrução “não é fácil”.
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