O Estado de S. Paulo
A reação do bolsonarismo eduardista ao
acordão Valdemar-Temer pela anistia sem anistia – tudo em função do projeto
Tarcísio presidente – era previsível e tem a agressividade derivada da leitura
de que Jair Bolsonaro o aceitara. Faltava combinar com os russos...
Os russos, que impuseram a “anistia ampla,
geral e irrestrita” como bandeira única da direita brasileira e que colhem a
toxicidade da associação à PEC da Blindagem, consideram que o ex-presidente é
vítima de chantagens ministradas por “até seus aliados mais próximos”. Traição
light.
Paulinho da Dosimetria, outrora da Força, foi designado, indicado por Hugo Motta (cujo tutor é Ciro Nogueira, um dos “aliados mais próximos” de Jair), para materializar a superação a Bolsonaro – aos Bolsonaro: uma proposta, que teria aval do Supremo, para redução de penas, que beneficiaria marginalmente o ex-presidente, e que o manteria inelegível. A proposta se pode negociar, a revisão das punições para cada tipo penal; a inelegibilidade, não.
O programa encostaria Jair – mais ou menos
preso – e o reduziria à condição de torcedor passivo pelo sucesso eleitoral do
governador de São Paulo. Eduardo Bolsonaro chama esse trato de “indecoroso e
infame”. Não aceitará arranjo que, em troca de uma expectativa de indulto,
degredaria a família até 2027; e isso no caso de o “pacto republicano”
conseguir eleger Tarcísio de Freitas. Faltaria ainda combinar com o eleitor.
O “pacto republicano” de Michel Temer – com o
tal Centrão, com o STF (esse agente político) e até com o governo Lula – faria
de Tarcísio, que se pretende como o candidato de Bolsonaro, ao mesmo tempo o
candidato-desafiante do sistema. Conta difícil de fechar.
Questionado pela Folha sobre se Eduardo
Bolsonaro apoiaria um candidato indicado pelo pai, Valdemar Costa Neto disse
que sim – “ele tem que obedecer” – e avançou, sobre a hipótese de o deputado
sair do PL e concorrer à Presidência: “Não acredito que brigue com o pai
dele... Vai ajudar a matar o pai de vez?”
Matar de vez – isso pressupõe processo em
andamento adiantado. A vida de Bolsonaro, segundo Valdemar, a depender de o
bolsonarismo eduardista se submeter ao acordão. Não vai rolar, ora sancionada
com a Lei Magnitsky a mulher de Alexandre de Moraes. Não há pacificação
possível.
Eduardo também está no pós-Bolsonaro –
encarnaria, claro, o pós-Bolsonaro legítimo – e explora a natureza
antiestablishment do bolsonarismo: “Não abdiquei de tudo para trocar afagos
mentirosos com víboras. Não lutei contra tiranos insanos para me sujeitar aos
esquemas espúrios dos batedores de carteira da ocasião. Esse é o momento para
resgatarmos a direita. Não para a enfiarmos nas mãos do opositor da ocasião”.
O momento para resgatar a direita – que só
poderia ser resgatada do bolsonarismo – coincide com o da ausência de Jair e
com a articulação por viabilizar Tarcísio. A dissidência à direita está
contratada. Só não sendo certo que Eduardo a possa controlar.
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