PORT OF SPAIN - A abertura da 5ª Cúpula das Américas, ao anoitecer da sexta-feira, foi o encontro entre um passado rico em retórica e pobre em ideias, consubstanciado no discurso de Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, e num futuro ainda incerto e não sabido anunciado por Barack Obama.
Ortega parece ter pesquisado em algum manual da antiga União Soviética para despejar a coleção completa de bordões do socialismo do século 20. Se alguém se distraísse -e era fácil fazê-lo pela absurdamente longa duração do discurso-, acharia que o socialismo ganhou e o capitalismo perdeu.
Mais: Ortega jogou a culpa de tudo o que acontece nas Américas nos ombros dos Estados Unidos, esquecendo o papel relevante dos governantes locais, inclusive o dele próprio.
Lembrete: Ortega é acusado pela enteada de acosso sexual e aliou-se a um dos mais corruptos governantes que a Nicarágua teve (e não foram poucos), chamado Arnoldo Alemán.Sua retórica revolucionária é, portanto, uma fraude.
Um parêntese: louve-se Luiz Inácio Lula da Silva, que tem dito que não dá para ficar eternamente culpando os outros pelos problemas de cada país. Pena que ele muitas vezes o faça.
Obama, ao contrário de Ortega, pediu que a página fosse virada e que se olhasse para o futuro, além de lembrar que "nem todos os problemas da região são culpa dos Estados Unidos".Não sei, ninguém sabe, se o futuro que Obama promete será mesmo de prosperidade para todos.
Mas sei que o capitalismo ganhou a batalha ideológica, goste-se ou não do resultado. E sei também que falta agora demonstrar que é capaz de ganhar a outra e mais importante guerra, a de conseguir melhorar o índice de felicidade nacional bruta, que é mais importante que o produto interno bruto, que ele sabe, quase sempre, fazer crescer.
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