DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Nobel diz que há exageros eufóricos dos mercados com a economia do país, mas faz análise óbvia de problemas
Paul Krugman disse que vai reduzir suas aplicações em ativos brasileiros, que estariam supervalorizados. Afirmou que o mercado age como se o Brasil fosse se "tornar uma superpotência no ano que vem". Obviamente o mercado não acha que o Brasil será superpotência nem na década que vem.
Os investidores estão é com dinheiro barato de sobra, com alternativas rentáveis de menos para aplicar nos países centrais e se aproveitam dos últimos momentos da onda de recuperação de preços que sobreveio aos desastres e às grandes baixas de Bolsas, moedas e commodities de 2008.
Na verdade, Krugman disse ainda, de modo sumário, que o otimismo exagerado ("irreal", disse) provoca uma invasão de capitais e supervaloriza a moeda, o que prejudica o comércio exterior e, pois, diz ele, reduz a perspectiva de crescimento. Mas o Brasil pode continuar a crescer bem mesmo com deficit em conta corrente (a diferença entre exportação e importação de bens e serviços), o que Krugman reconhece. Pode ser que o crescimento acelerado do PIB e do deficit em conta corrente provoque desequilíbrios que, no médio prazo, prejudiquem o crescimento ou sua qualidade. Logo, qual o ponto mais relevante do seu alerta?
O economista disse que a euforia com o Brasil pode causar bolhas e o aumento da dívida externa. Bolhas, pode ser, mas é difícil saber. Aumento da dívida externa, talvez, a depender de como o país vai financiar seu excesso de despesas. Se o país consome e investe demais tem deficit em conta-corrente, que podem ser mais ou menos problemáticos a depender de como ele é financiado e da natureza do aumento da despesa, se em consumo ou em investimento.
Krugman então disse um monte de obviedades vagas e imprecisas?
Em termos. A opinião dos "mercados" é frequentemente alucinada e inepta. Um ano de euforia de investidores, felizes por ganhar tanto dinheiro como agora, não diz necessariamente nada sobre a saúde econômica de longo prazo do Brasil. Krugman deu os exemplos de praxe de euforia seguida de desastres: México, queridinho do final dos 80 a meados de 90; Argentina, queridinha dos 90 etc. Mas as condições econômicas do Brasil são muitíssimo melhores que as dos "hermanos" nos anos 90. Não temos dívida externa, na prática; a alta recente da dívida pública pode ser controlada, bastando o governo tomar juízo. Não há ameaça de explosão inflacionária.
Ainda temos infraestrutura precária, educação primitiva, burocracia demais e leis confusas.
Mas não são problemas que devem provocar danos maiores ou irreversíveis no curto prazo.
Quanto aos mercados, há risco de tombo, "correção forte", um pouco antes do início das altas de juros pelo mundo e aqui, a partir de meados do ano que vem.
O principal problema adiante é o consumo excessivo, do governo e privado. De aumento da dívida pública, de farra consumista auxiliada pelo real forte, fatores que podem levar os juros para cima por um período longo e impedir o aumento dos investimentos. Em outro contexto, já vimos esse filme. Por exemplo, no primeiro governo FHC. Foi quando se tornou moda falar de "populismo cambial" -de consumo insustentável, baseado em gasto excessivo do governo e em real forte demais.
Nobel diz que há exageros eufóricos dos mercados com a economia do país, mas faz análise óbvia de problemas
Paul Krugman disse que vai reduzir suas aplicações em ativos brasileiros, que estariam supervalorizados. Afirmou que o mercado age como se o Brasil fosse se "tornar uma superpotência no ano que vem". Obviamente o mercado não acha que o Brasil será superpotência nem na década que vem.
Os investidores estão é com dinheiro barato de sobra, com alternativas rentáveis de menos para aplicar nos países centrais e se aproveitam dos últimos momentos da onda de recuperação de preços que sobreveio aos desastres e às grandes baixas de Bolsas, moedas e commodities de 2008.
Na verdade, Krugman disse ainda, de modo sumário, que o otimismo exagerado ("irreal", disse) provoca uma invasão de capitais e supervaloriza a moeda, o que prejudica o comércio exterior e, pois, diz ele, reduz a perspectiva de crescimento. Mas o Brasil pode continuar a crescer bem mesmo com deficit em conta corrente (a diferença entre exportação e importação de bens e serviços), o que Krugman reconhece. Pode ser que o crescimento acelerado do PIB e do deficit em conta corrente provoque desequilíbrios que, no médio prazo, prejudiquem o crescimento ou sua qualidade. Logo, qual o ponto mais relevante do seu alerta?
O economista disse que a euforia com o Brasil pode causar bolhas e o aumento da dívida externa. Bolhas, pode ser, mas é difícil saber. Aumento da dívida externa, talvez, a depender de como o país vai financiar seu excesso de despesas. Se o país consome e investe demais tem deficit em conta-corrente, que podem ser mais ou menos problemáticos a depender de como ele é financiado e da natureza do aumento da despesa, se em consumo ou em investimento.
Krugman então disse um monte de obviedades vagas e imprecisas?
Em termos. A opinião dos "mercados" é frequentemente alucinada e inepta. Um ano de euforia de investidores, felizes por ganhar tanto dinheiro como agora, não diz necessariamente nada sobre a saúde econômica de longo prazo do Brasil. Krugman deu os exemplos de praxe de euforia seguida de desastres: México, queridinho do final dos 80 a meados de 90; Argentina, queridinha dos 90 etc. Mas as condições econômicas do Brasil são muitíssimo melhores que as dos "hermanos" nos anos 90. Não temos dívida externa, na prática; a alta recente da dívida pública pode ser controlada, bastando o governo tomar juízo. Não há ameaça de explosão inflacionária.
Ainda temos infraestrutura precária, educação primitiva, burocracia demais e leis confusas.
Mas não são problemas que devem provocar danos maiores ou irreversíveis no curto prazo.
Quanto aos mercados, há risco de tombo, "correção forte", um pouco antes do início das altas de juros pelo mundo e aqui, a partir de meados do ano que vem.
O principal problema adiante é o consumo excessivo, do governo e privado. De aumento da dívida pública, de farra consumista auxiliada pelo real forte, fatores que podem levar os juros para cima por um período longo e impedir o aumento dos investimentos. Em outro contexto, já vimos esse filme. Por exemplo, no primeiro governo FHC. Foi quando se tornou moda falar de "populismo cambial" -de consumo insustentável, baseado em gasto excessivo do governo e em real forte demais.
Um comentário:
Parece certo que os ilusionistas do governo e do BC irão se empenhar ao máximo para a "bolha" não estourar antes das eleições de 2010. É só o que lhes importa. Depois é outra história, outra mágica marketista ...
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