DEU NO BRASIL ECONÔMICO
O Brasil ostenta em seu ordenamento institucional, na amplitude de nossa democracia e, em particular, nas conquistas de nossa cidadania, o caráter, o papel e o propósito da nossa vitória sobre o regime militar, onde se destaca a correção do caminho democrático como elemento central de aglutinação das forças que se opuseram à ditadura militar.
Atuamos firmemente junto a todas as forças que se opunham ao regime discricionário, para unir o país, isolar e derrotar a ditadura. Lá estávamos os comunistas do PCB com os socialistas, os democratas e liberais do velho e digno MDB, liderados por Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, numa frente que buscava junto a cidadania a unidade dos setores sociais e de todos os descontentes com o regime.
Sem cair no desespero que gera a violência. Evitando os caminhos estreitos da aventura e principalmente rejeitando a opção da luta armada. Foram anos de chumbo, de sofrimento, mas a resistência democrática abriu as alamedas por onde o povo conquistou a liberdade e a vitória.
Nestes 25 anos da Nova República, há muito o que comemorar como também há muito ainda o que fazer, nos mais importantes aspectos da vida brasileira. Nesse sentido, agora se abre uma nova etapa da vida nacional.
Apesar de muita falácia e tergiversação, o governo do PT divorciou-se radicalmente das esperanças que acendeu com a sua vitória em 2002. O discurso ético que ostentava revelou-se vazio e práticas antirrepublicanas macularam a esquerda brasileira.
O espetáculo do crescimento mostrou-se uma pantomima. As taxas de crescimento de nosso PIB, por todos esses anos, só é superior, na América Latina a pouquíssimos países, dentre esses, às do Haiti.
As inegáveis conquistas alcançadas pelo Brasil, fruto do trabalho de gerações são incapazes de encobrir o grande abismo social. Continuamos desiguais, a saúde permanece em crise, educação sem qualidade e com um gestor trapalhão, a violência, o desemprego, o aumento assustador do consumo de drogas, a piora acentuada das condições de vida em nossas metrópoles e os inquietantes fenômenos de degradação moral e ambiental inquietam a cidadania.
Estes dramas enfrentados pela sociedade brasileira têm criado as condições para o esgarçamento do tecido social. E tudo isso se torna ainda mais preocupante quando o governo opera para desmoralizar a política, os poderes Legislativo e Judiciário.
O cúmulo do desrespeito à Justiça foi o deboche do presidente à multa aplicada pelo TSE pelo reiterado uso que faz da máquina pública em campanha eleitoral da Dilma.
A pregação de um "Estado forte", da forma como vem se articulando no país com grandes conglomerados econômicos privados, e na visão totalizante de controle sobre as liberdades das instituições da sociedade civil, inclusive da imprensa, longe está das concepções de esquerda e mais se assemelha a idolatria estatista do fascismo.
O Estado deve ser forte pela solidez e prestígio de suas instituições, pela eficiência das suas políticas, pela ética e austeridade de seus governantes, nos quadros do mais absoluto respeito à democracia, às leis, dentro de uma prática de res publica.
Roberto Freire é presidente do PPS
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