Ditador líbio faz 4 ataques aéreos a Ras Lanuf, de onde os insurgentes não conseguem avançar desde sábado
Zawiyah, tomada pela oposição, também sofre bombardeio; rebelados se contradizem sobre negociação com regime
Marcelo Ninio
Em meio a informações desencontradas sobre uma negociação entre Muammar Gaddafi e a oposição, forças leais ao ditador líbio intensificaram ontem a pressão militar contra os rebeldes no oeste e no leste do país.
A cidade portuária de Ras Lanuf, um estratégico polo petrolífero de onde os insurgentes não conseguem avançar desde sábado, sofreu quatro ataques aéreos, engrossando o êxodo de civis.
Uma das bombas atingiu o duto de abastecimento de água da cidade, com prováveis consequências para a logística rebelde. Outras acertaram estradas e uma casa desocupada em Ras Lanuf.
Mesmo sem vítimas, os bombardeios fizeram boa parte dos moradores da cidade deixar tudo para trás e partir em disparada rumo ao leste. "Metade da cidade está vazia, e a outra metade está pensando em sair", disse à Folha Mohamed Omran, 30.
Famílias inteiras também deixavam ontem em caravana a cidade de Bin Jawad, 50 km a oeste de Ras Lanuf, que foi fortificada pelo governo e tornou-se um obstáculo duro de transpor pelos rebeldes.
Os reveses dos últimos dias, quando as forças pró-Gaddafi fizeram uso sistemático de artilharia pesada e ataques aéreos, dissiparam o entusiasmo dos rebeldes e interromperam seu avanço.
Com isso, frustraram o plano de conquistar a cidade natal do ditador, Sirte, passo fundamental na caminhada rumo à capital, Trípoli.
Sem liderança nem estratégia militar, os rebeldes continuaram a se lançar em ataques desordenados a Bin Jawad, apesar da vasta superioridade em poder de fogo das forças de Gaddafi.
Em muitos casos, em missões quase suicidas, como admitiu à Folha Omran, técnico em computação transformado em guerrilheiro.
"Depois dos bombardeios aéreos, decidimos ir a Bin Jawad em três camionetes, mas fomos recebidos com fogo pesado a 10 km da cidade. Sete companheiros morreram e tivemos que recuar."
A adesão dos moradores de Bin Jawad às forças pró-Gaddafi é motivo de controvérsia entre os insurgentes. Muitos dizem que eles foram comprados pelo ditador; outros, que estão sendo usados como escudos humanos.
O rebelde Suleiman Mahda Suleiman, 28, jura ter visto uma fileira de mulheres na entrada de Bin Jawad. "Eram mulheres de todas as idades, que os cães de Gaddafi colocaram para sua proteção."
Ontem, Gaddafi também se valeu de tanques e aviões para atacar Zawiyah, cidade no oeste que é a mais próxima de Trípoli ainda sob controle de rebeldes. Relatos afirmam que muitos prédios, incluindo mesquitas, foram destruídos nos ataques.
Segundo habitantes, porém, até ontem à noite os insurgentes ainda controlavam a praça central de Zawiyah.
DESENTENDIMENTO
Em entrevista à rede Al Jazeera, o ex-ministro da Justiça de Gaddafi Mustafá Abdel Jalil, líder do conselho dos rebeldes, disse que havia proposto a "negociadores indiretos" do ditador não processá-lo por seus crimes se ele saísse da Líbia e cessasse os bombardeios em 72 horas.
O porta-voz do mesmo conselho, Abdel Hafiz Ghoga, porém, negou qualquer tratativa. "Nossas demandas são tão claras quanto a revolução. Não estamos negociando nada", afirmou ele.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO. Com agências de notícias
Zawiyah, tomada pela oposição, também sofre bombardeio; rebelados se contradizem sobre negociação com regime
Marcelo Ninio
Em meio a informações desencontradas sobre uma negociação entre Muammar Gaddafi e a oposição, forças leais ao ditador líbio intensificaram ontem a pressão militar contra os rebeldes no oeste e no leste do país.
A cidade portuária de Ras Lanuf, um estratégico polo petrolífero de onde os insurgentes não conseguem avançar desde sábado, sofreu quatro ataques aéreos, engrossando o êxodo de civis.
Uma das bombas atingiu o duto de abastecimento de água da cidade, com prováveis consequências para a logística rebelde. Outras acertaram estradas e uma casa desocupada em Ras Lanuf.
Mesmo sem vítimas, os bombardeios fizeram boa parte dos moradores da cidade deixar tudo para trás e partir em disparada rumo ao leste. "Metade da cidade está vazia, e a outra metade está pensando em sair", disse à Folha Mohamed Omran, 30.
Famílias inteiras também deixavam ontem em caravana a cidade de Bin Jawad, 50 km a oeste de Ras Lanuf, que foi fortificada pelo governo e tornou-se um obstáculo duro de transpor pelos rebeldes.
Os reveses dos últimos dias, quando as forças pró-Gaddafi fizeram uso sistemático de artilharia pesada e ataques aéreos, dissiparam o entusiasmo dos rebeldes e interromperam seu avanço.
Com isso, frustraram o plano de conquistar a cidade natal do ditador, Sirte, passo fundamental na caminhada rumo à capital, Trípoli.
Sem liderança nem estratégia militar, os rebeldes continuaram a se lançar em ataques desordenados a Bin Jawad, apesar da vasta superioridade em poder de fogo das forças de Gaddafi.
Em muitos casos, em missões quase suicidas, como admitiu à Folha Omran, técnico em computação transformado em guerrilheiro.
"Depois dos bombardeios aéreos, decidimos ir a Bin Jawad em três camionetes, mas fomos recebidos com fogo pesado a 10 km da cidade. Sete companheiros morreram e tivemos que recuar."
A adesão dos moradores de Bin Jawad às forças pró-Gaddafi é motivo de controvérsia entre os insurgentes. Muitos dizem que eles foram comprados pelo ditador; outros, que estão sendo usados como escudos humanos.
O rebelde Suleiman Mahda Suleiman, 28, jura ter visto uma fileira de mulheres na entrada de Bin Jawad. "Eram mulheres de todas as idades, que os cães de Gaddafi colocaram para sua proteção."
Ontem, Gaddafi também se valeu de tanques e aviões para atacar Zawiyah, cidade no oeste que é a mais próxima de Trípoli ainda sob controle de rebeldes. Relatos afirmam que muitos prédios, incluindo mesquitas, foram destruídos nos ataques.
Segundo habitantes, porém, até ontem à noite os insurgentes ainda controlavam a praça central de Zawiyah.
DESENTENDIMENTO
Em entrevista à rede Al Jazeera, o ex-ministro da Justiça de Gaddafi Mustafá Abdel Jalil, líder do conselho dos rebeldes, disse que havia proposto a "negociadores indiretos" do ditador não processá-lo por seus crimes se ele saísse da Líbia e cessasse os bombardeios em 72 horas.
O porta-voz do mesmo conselho, Abdel Hafiz Ghoga, porém, negou qualquer tratativa. "Nossas demandas são tão claras quanto a revolução. Não estamos negociando nada", afirmou ele.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO. Com agências de notícias
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