Palocci caiu, a crise política vai se esmaecendo e um novo governo Dilma começa logo no seu sexto mês. Recomeça emitindo sinais de autoafirmação e, ao mesmo tempo, de inflexões.
A mesma Dilma que virou as costas para o PT e o PMDB ao escolher sua nova equipe é a que indica ceder às pressões dos ex-presidentes Collor e Sarney no caso do sigilo eterno de documentos oficiais.
Tema caro para quem lutou contra o regime militar e defendia a livre divulgação de papéis oficiais capazes de revelar um pouco mais da história daquele período e de outros. Ainda defende, na verdade, mas as circunstâncias políticas aconselham ceder.
Um observador atento nota que Dilma está descobrindo que o poder plenipotenciário do presidente tem lá seus limites. Esbarra na fronteira de sua sustentação.
Por mais bem-intencionado que seja o mandatário de plantão, ele tem de administrar e arbitrar conflitos. É a última instância em vários quesitos. Se impõe suas ideias, fecha portas e obstrui canais.
Até a queda de Palocci, Dilma parecia assim agir. Teve sucesso na votação do salário mínimo. Fracassou na do Código Florestal. Contrariada, quis porque quis demitir ministros do PMDB. Só fez aumentar sua primeira crise política.
Enfraquecida, foi alvo do apetite voraz dos aliados, profissionais na arte de transformar crises em oportunidades para cobrar faturas. Vendo sua imagem se desgastar, soltou um grito de autoridade.
Dado o freio de arrumação, ela indica estar mais aberta a ouvir o que seus aliados têm a dizer e disposta a compor. É o que mostra seu recuo não só no caso do sigilo eterno de documentos oficiais como também na liberação de nomeações e verbas de parlamentares.
O fato é que, sem Palocci como seu biombo, Dilma está mais exposta. Novas crises serão debitadas em sua conta. Daí a urgência de mudança no comportamento presidencial. A conferir.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário