quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cabral: é difícil reajustar 16 mil bombeiros

O governador Sérgio Cabral afirmou ontem que, apesar de estar comprometido com a melhoria salarial dos bombeiros, o número elevado do efetivo (16 mil) dificulta a concessão de aumentos significativos, como os pedidos pelos grevistas.

Cabral diz ser difícil reajustar 16 mil bombeiros

Governo mantém a proposta de dar aumento de 5,58%; outro projeto vai garantir gratificação e vale-transporte

Natanael Damasceno, Isabel Braga e Renata Leite

BRASÍLIA E RIO. O governador Sérgio Cabral afirmou ontem que, apesar de estar comprometido com a melhoria salarial dos bombeiros, não vai deixar de lado a responsabilidade com o equilíbrio das contas públicas do estado. Ele alegou que o número elevado do efetivo dificulta a concessão de aumentos significativos:

- Conseguimos equilibrar as contas públicas e fazer um processo de política salarial compatível com a nossa realidade. A política de remuneração deve seguir uma estratégia que não é a ideal, é a possível.

De acordo com o governador, o Rio possui o maior efetivo de bombeiros militares do país, com 16.550 homens na ativa. Por conta disso, o líder governista na Assembleia Legislativa, deputado André Correa (sem legenda), disse que o estado já fechou questão em torno do salário.

Correa revelou que o governador enviará esta semana outro projeto à Alerj modificando a destinação do Fundo Especial do Corpo de Bombeiros (Funesbom) para garantir gratificações e o vale-transporte pedido pela categoria. Mas disse também que não pretende modificar a proposta de Cabral, de aumentar os salários dos bombeiros, dos policiais e dos agentes penitenciários em 5,58%, antecipando para julho os reajustes que deveriam ser dados mês a mês até dezembro.

Ontem, o projeto de lei enviado pelo governo recebeu 32 emendas e saiu da pauta de votações. As emendas deverão ser apreciadas nas comissões da Casa e podem ser votadas ainda esta semana. Entre as mudanças propostas, há três emendas elaboradas por deputados favoráveis às reivindicações dos bombeiros que preveem a antecipação dos reajustes previstos até 2014 e um aumento adicional de 33%, além de vale-transporte. Os parlamentares apostam num acordo que se aproxime do que querem os manifestantes. Segundo esses deputados, o governador pode dar um reajuste maior.

- No último ano, o governo gastou em folha de pagamento apenas 27% da sua receita líquida, quando o limite prudencial estabelecido por lei é de 46%, Além disso, entre 2007 e 2010, Cabral concedeu mais de R$50 bilhões em isenção fiscal. Isso sem contar as isenções de impostos concedidas recentemente ao Metrô Rio e à SuperVia, que prestam um péssimo serviço à população - alegou o deputado Marcelo Freixo (PSOL).

Quanto à proposta de emenda constitucional que prevê o cancelamento das punições administrativas aos bombeiros que invadiram o quartel da corporação, Freixo disse que seu andamento depende de negociações.

- Essa discussão é política. O governo pode ter a maioria na Casa, mas já mostramos que temos a maioria nas ruas.

Em Brasília, apesar da vontade manifestada por todos os líderes da Câmara de votar em regime de urgência os projetos que anistiam os manifestantes na esfera criminal, o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), defendeu que o assunto seja discutido com calma. Os líderes pressionam para que a votação aconteça na próxima semana.

FONTE: O GLOBO

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