Em mais um movimento para ampliar sua base rumo à disputa da reeleição em 2014, a presidente Dilma Rousseff convidou o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, para ser o titular da nova Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Ele já aceitou.
Dilma tira Afif de tucanos
Vice-governador de São Paulo ganha o 39º ministério, o da Micro e Pequena Empresa
Luiza Damé, Tatiana Farah
BRASÍLIA e SÃO PAULO - O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD), vai comandar o 39º ministério do governo da presidente Dilma Rousseff. Ele foi convidado por Dilma para assumir a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, criada no dia 28 de março, e tomará posse na quinta-feira, no Palácio do Planalto. Com a posse de Afif, o PSD, partido comandado pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, aliado do tucano José Serra, passará a fazer parte do primeiro escalão do governo e deve reafirmar apoio à reeleição de Dilma, defendido por Kassab.
O convite inicial a Afif foi feito em dezembro, mas o novo ministro pediu um tempo até o início de maio para se desvencilhar de compromissos no Conselho Gestor do Programa de Parcerias Público-Privadas de São Paulo.
A confirmação de Afif na nova pasta foi anunciada em nota da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, na qual Dilma desejou "sucesso" ao novo ministro e manifestou "confiança" no seu desempenho. Pela manhã, em São Paulo, onde se encontrou com Afif ao participar da posse das diretorias da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a presidente teceu elogios a seu desempenho no tema da microempresa.
- Queria aproveitar esta cerimônia para homenagear um brasileiro que colocou na pauta do país o apoio às pequenas e microempresas, fazendo com que reconhecêssemos que essa é uma questão estratégica - disse Dilma, elencando a participação de Afif em decisões como a aprovação do Estatuto da Microempresa e na implantação do Simples Nacional, a medida tributária que unificou os impostos dos pequenos negócios.
O novo ministro estava na plateia, assim como Kassab. Ao lado de Dilma, no palco, estava o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que, no dia anterior, afirmara que "há legendas de mais no país" que "trocam a oposição pelo governo".
Em nota, Afif destacou que ficou "muito honrado" com o convite e disse que recebeu com "entusiasmo" a nova missão. Em tom cordial, o vice agradeceu ao governador "pela compreensão" com a "nova incumbência".
"Nesta nova jornada tenho certeza de que faremos um grande trabalho de cooperação entre governo de São Paulo e governo federal, pois, em nosso estado, está o maior contingente de micro e pequenas empresas de todo o Brasil", ressaltou.
Para acertar sua saída do Palácio dos Bandeirantes, Afif e Alckmin tiveram uma reunião tensa na tarde de ontem, após o convite da presidente. O novo ministro avisou ao tucano que deixaria o cargo de presidente do Conselho Gestor do Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas, mas que não abriria mão do posto de vice-governador. Para embasar a sua permanência no cargo, Afif consultou nas últimas semanas juristas e advogados especialistas no assunto. Apesar de não ter ficado nada satisfeito com a permanência do novo ministro no cargo de vice, Alckmin não pretende se indispor neste momento com o PSD, partido com o qual negocia o apoio à sua reeleição em 2014.
Em nota, o tom usado pelo governador, contudo, foi amistoso. "Com o convite, São Paulo dá hoje mais uma contribuição para o Brasil. E, a serviço do Brasil, nosso vice-governador haverá de fazer ainda mais por São Paulo", disse Alckmin.
A decisão de Afif de acumular os cargos de ministro e vice-governador também deverá ser analisada pela Comissão de Ética Pública da Presidência. A comissão tem uma resolução de setembro de 2003 que trata dos conflitos de interesses no exercício do cargo público e dos meios de evitá-los. Segundo a resolução, "suscita conflito de interesses o exercício de atividade que viole o princípio da integral dedicação pelo ocupante de cargo em comissão ou função de confiança". (Colaborou Gustavo Uribe)
Fonte: O Globo
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