Líderes do partido afirmam que desacordos de paulistas em torno da candidatura de Aécio à Presidência da República são pontuais e que o senador conta com apoio nacionalmente
Felipe Canêdo
Apesar da resistência de uma ala do tucanato paulista em aderir à pré-candidatura do senador Aécio Neves à Presidência da República, para líderes do partido de outros estados não há dúvidas quanto à união do PSDB em torno do nome do mineiro. Para eles, as disputas que ocorreram durante o congresso estadual da legenda em São Paulo no domingo, em que esteve presente o ex-governador José Serra, são pontuais.
"É uma questão interna de São Paulo. O que se percebeu lá foi uma disputa entre dois agrupamentos dentro do diretório paulista e essas coisas se definiram lá e se ajustaram. É natural que aconteça isso", afirmou ontem o deputado federal e presidente do PSDB da Bahia, Antônio Imbassahy, que participou do encontro paulista anteontem e disse ter conversado com líderes da cúpula tucana sobre o assunto na convenção do partido, há duas semanas.
Imbassahy destacou que Aécio tem apoio da grande maioria dos filiados em todo o país – incluindo fortes nomes paulistas como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador Geraldo Alckmin e o senador Aloysio Nunes – e que as divergências são contornáveis. Segundo ele, é possível "encontrar uma voz aqui que queira falar um pouco mais, outra que queira mais reflexão", mas as disputas são mínimas considerando a magnitude do partido.
O ex-prefeito de Vitória (ES) e ex-deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas concorda com Imbassahy. Para os dois políticos tucanos, embora Serra seja uma figura que deve ser respeitada dentro do partido, não há dúvidas de que o nome do senador mineiro será consagrado para assumir a presidência do partido e percorrer o país. "Já há uma posição praticamente consensuada dentro do PSDB", sustentou o baiano.
Ele e Vellozo Lucas participaram ontem do debate que inaugurou a nova sede do partido em Belo Horizonte, no Barro Preto, Região Centro-Sul da cidade, onde morou o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Os tucanos aproveitaram o evento, que faz parte de um ciclo de palestras inaugurado em fevereiro pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para afinar o discurso do PSDB para 2014.
O deputado baiano e o ex-prefeito de Vitória foram duros nas críticas ao governo da petista. "Não há como governar com 39 ministérios. Há também a criação seguida de empresas estatais, é um desperdício. Este é um governo perdulário, que não respeita o dinheiro do contribuinte", afirmou Imbassahy.
O ex-prefeito e economista Vellozo Lucas foi mais incisivo nas críticas às posições do governo em relação aos setores de energia elétrica e do petróleo: "Eles (os petistas) demonizaram, satanizaram as privatizações, acusaram o PSDB. Utilizaram de má-fé a pouca compreensão das pessoas sobre o que significa um contrato de concessão. Agora estão com um pacote de US$ 200 bilhões de concessão sendo ofertado no mundo inteiro". Ele contou ter visto uma entrevista em que o ex-ministro da Secretaria de Aviação Civil Moreira Franco (PMDB) defendeu enfaticamente a privatização dos aeroportos. "Os petistas deviam ter a fineza de pedir desculpas por ter deixado o Brasil atrasado por tanto tempo", acrescentou.
O presidente do PSDB mineiro, Marcus Pestana, também presente nos debates de ontem, comentou com os colegas as outras candidaturas de oposição à presidente Dilma Rousseff: "Que venha Randolfe (Rodrigues, do PSOL), Marina (Silva, que tenta criar o partido Rede Sustentabilidade ), Cristovam Buarque (PDT), Eduardo Campos (PSB), Fernando Gabeira (PV). Quanto mais gente mostrando que há um Brasil diferente, melhor", ele disse. Imbassahy concordou e saudou a possível candidatura de Eduardo Campos, que considera positiva para a disputa.
Fonte: Estado de Minas
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