“Resta-nos, ao que parece, o caminho da revolução na vida cotidiana, a sociedade profeticamente contraposta ao Estado, para dele fazer agente da vontade popular expressa não na opinião eleitoral, pura e simplesmente, mas na resolução e superação das carências históricas anunciadas no que é vivido, mas não necessariamente percebido, pelas vítimas das adversidades históricas e sociais, para voltarmos a um enunciado de Lefebvre.
Em suma, os desafios estão em dois planos articulados entre si. No plano do conhecimento científico, que é indissociável de uma prática de esquerda, num retorno à dialética, sem dúvida, mas também num diálogo criativo e sem medo com as inovações logradas pelas ciências sociais. E, no plano da aplicação desse conhecimento, para pesquisar e conhecer a realidade social e, portanto, agir em nome do historicamente possível, que é tarefa de um verdadeiro partido de esquerda. E não do politicamente permitido, como age o partido do governo e sua aliança complicada.”
Cf. José de Souza Martins, “Desafios da esquerda, reflexões e questionamentos”, in O que é ser esquerda hoje?, org. Francisco Inácio Almeida, edits. Contraponto e Fundação A. Pereira, Rio de Janeiro-Brasília, 2013, pp.52-3.
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