Protesto contra reajuste de tarifas acaba em confronto em SP e no Rio
Também houve manifestações em Natal e Goiânia; dois ficaram feridos
Roberta Scrivano, Gustavo Goulart e Bruno Amorim
SÃO PAULO e RIO - Uma manifestação organizada nas redes sociais contra o reajuste das tarifas de ônibus e metrô tomou o Centro de São Paulo ontem à noite, interditando avenidas importantes. Manifestantes atearam fogo a pedaços de paus e fizeram barricadas na Avenida 23 de Maio em pleno horário de pico. Na Avenida Paulista, incendiaram uma cabine da Polícia Militar e picharam paradas de ônibus.
A Tropa de Choque da Polícia Militar revidou, atirando bombas de efeito moral e balas de borracha contra os manifestantes, e houve confronto. Os estudantes reagiram, jogando pedras nos policiais, e o tumulto se prolongou por mais de duas horas na Avenida Paulista. Uma pessoa foi presa por depredação do patrimônio público.
Também houve protestos no Centro do Rio, em Goiânia e em Natal, onde os manifestantes atearam fogos a pneus. No Rio, quatro pessoas, sendo elas dois estudantes e dois ambulantes, foram detidas durante confusão na Avenida Presidente Vargas, na altura da Central do Brasil, num confronto entre manifestantes que protestavam contra o aumento da passagem de ônibus e policiais do BPChoque. Um dos detidos já foi liberado.
Professor fica ferido no Rio
Durante a confusão na Presidente Vargas, ficou ferido Pedro Eugênio Muniz, professor de curso pré-vestibular, que foi atingido na coxa direita por um disparo de bala de borracha. Em Natal, os manifestantes interditaram um trecho da BR-101, mas a polícia não interveio.
Em São Paulo, o protesto foi organizado pelo Movimento Passe Livre. Segundo o grupo, até 21h eram 30 feridos por balas de borracha e estilhaços de bombas de gás lacrimogênio. A polícia não divulgou um balanço sobre feridos.
O GLOBO encontrou uma mulher desacordada dentro de um veículo na Avenida Paulista atingido por uma das bombas de gás atiradas por policiais. O motorista do carro, Claudio José de Moraes, disse que eles estavam parados no engarrafamento, após sair do trabalho, quando o artefato entrou no veículo. Intoxicada pela fumaça, a mulher, identificada como Maria Cristina, desmaiou. O motorista ainda aguardava socorro.
O movimento pede redução da tarifa do transporte coletivo na cidade, reajustada no domingo passado. Ela passou de R$ 3 para R$ 3,20 - um aumento de 6,7%. O último aumento da tarifa dos ônibus ocorreu em janeiro de 2011. No metrô e nos trens, em fevereiro de 2012. O movimento convocou um novo protesto para hoje às 17h, em Pinheiros, Zona Oeste da cidade.
Sob gritos de "São Paulo vai parar se a tarifa não baixar", a manifestação começou no início da noite com uma mobilização em frente ao Teatro Municipal de São Paulo. De lá, os manifestantes, em sua maioria estudantes, seguiram para a Avenida Nove de Julho, onde atearam fogo a pedaços de paus e interditaram os dois sentidos da via. Os bombeiros foram acionados para apagar o fogo e liberar a pista
Daquela região, eles seguiram para as avenidas 23 de Maio e Paulista. Segundo a Polícia Militar, eram cerca de 500 manifestantes. O movimento diz que participaram do ato cerca de três mil pessoas.
Bancas de jornal depredadas
Na Avenida Paulista, os manifestantes depredaram lixeiras, picharam paradas de ônibus e incendiaram uma cabine da polícia e sacos de lixo. Bancas de jornal também foram depredadas. A polícia reagiu com bombas de gás e tiros de borracha. Encurralados, parte deles entrou em um shopping, que foi fechado por seguranças.
Um dos líderes do movimento, Caio Martins Ferreira, disse, enquanto caminhava na Paulista, que não temia a polícia.
- A polícia pode vir para cima que nós não temos medo - afirmou.
No Rio, dois foram autuados por desacato. A mobilização também partiu do Movimento Passe Livre, por meio do Facebook. Reuniu cerca de 200 pessoas, que começaram a se concentrar na Candelária, às 17h. Às 18h, o grupo saiu da igreja e ocupou as pistas da Avenida Presidente Vargas, no sentido Praça da Bandeira. Reunindo estudantes e professores, entre outras categorias, e também desempregados, o grupo caminhou até a Central do Brasil, deixando o trânsito um caos.
Quando chegaram à Central do Brasil, os manifestantes se sentaram na pista, convocando para participar a população que chegava e saía do prédio da estação de trem.
Neste ponto, 30 policiais do Batalhão de Choque começaram a dispersar o grupo, forçando-o a liberar a via. Houve protestos, e os agentes usaram gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e balas de borracha. Algumas pessoas atiraram pedras contra os policiais.
Segundo um dos agentes, foram apreendidas pedras portuguesas com os quatro manifestantes detidos. Eles foram levados para a 4ª DP (Central).
Fonte: O Globo
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