Rui Falcão: coordenador da reforma política não representa a opinião do partido
Cristiane Jungblut e luiza Damé
BRASÍLIA - O racha dentro do PT sobre quem representa o partido nas discussões sobre reforma política e plebiscito no Congresso tomou conta ontem da reunião do Diretório Nacional. Após um debate tenso, o PT resolveu encampar a posição do líder petista na Câmara, José Guimarães (CE), que, na véspera, divulgou nota dizendo que o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) não representa a bancada de 89 deputados e nem o partido na comissão especial que discute a reforma política.
Para o PT, quem representa o partido é o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). Para mostrar afinidade com a presidente Dilma Rousseff - que não foi ao encontro, mas mandou uma carta se explicando -, o PT manteve o discurso de que é possível fazer o plebiscito este ano e aplicar a reforma em 2014.
Na prática, o PT reconheceu que Vaccarezza é o presidente da comissão - até porque foi escolhido pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) -, mas deixou claro que ele não representa o partido. Mas o Diretório Nacional rejeitou, por 43 a 27 votos, moção proposta por Joaquim Soriano, que queria afastar Vaccarezza da comissão.
A aprovação da nota de Guimarães como posição do PT foi a saída menos traumática para o caso. Alguns defenderam que fosse aprovada uma moção contra Vaccarezza, criticado porque expressou o pensamento político predominante de que a reforma política só terá efeitos em 2018.
- A bancada emitiu uma nota dizendo que as posições que Vaccarezza firmara publicamente não representavam a opinião do PT. O deputado mandou uma nota se comprometendo com o plebiscito e a coletar assinaturas em defesa do plebiscito. O diretório entendeu que a nota da bancada era suficiente para que publicamente nos posicionássemos a respeito - afirmou Rui Falcão, presidente nacional do PT. Vaccarezza não participou do encontro, mas divulgou nota dizendo que trabalhará pelo plebiscito.
Mas, se foi desautorizado pelo PT, Vaccarezza ganhou o apoio explícito do PMDB, aliado do governo. Ontem, no Twitter, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), disse que, se o deputado Henrique Fontana (PT-RS) fosse o escolhido no lugar de Vaccarezza para coordenar os debates - como queria inicialmente o PT -, o PMDB e outras legendas deixariam a comissão que discute a reforma. Como não foi escolhido por Henrique Alves, Fontana saiu da comissão e foi substituído por Berzoini.
"Se Fontana fosse o coordenador, seria difícil alguém participar. O PMDB, por exemplo, não participaria", escreveu Cunha. "Henrique quis constituir um grupo onde todos participariam, inclusive Fontana, mas coordenado por alguém mais isento".
Irônico, Cunha lembrou que Fontana foi relator da reforma política em outra comissão e não conseguiu aprovar texto algum. Para ele, o debate no PT sobre Vaccarezza mostra que "não querem debater outra proposta".
Fonte: O Globo
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