As manchetes, romarias à Papuda, críticas e elogios ao STF e o "ame-o ou deixe-o" em relação a Joaquim Barbosa estão concentrados nos três presos do PT, mas vale ler a entrevista do ex-deputado do PP Pedro Corrêa ao repórter Hugo Marques, da revista "Veja".
Ele diz que nunca teve problema com a polícia e a Justiça, nem mesmo um cheque sem fundo, mas hoje está em casa pronto para ser preso a qualquer momento. E é aquela história: ou a prisão de todos os mensaleiros (de esquerda e de direita) é injusta, ou a de nenhum deles é, certo?
Condenado a sete anos e dois meses, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Pedro Corrêa não é nenhum ícone petista como Dirceu nem foi torturado como Genoino, mas ele também é gente... E também é mensaleiro... E também foi condenado pelo Supremo... E, como eles, também vai ter de cumprir a pena...
Se Genoino e Dirceu se entregaram com os punhos cerrados, definindo-se como "presos políticos", o quase anônimo Corrêa, velho malufista e ex-integrante da tropa de choque de Collor, admite, civicamente, que não é nada disso: "Não me considero um preso político de maneira alguma. Eu fui julgado por um tribunal que não é um tribunal de exceção, é um tribunal constitucional, legítimo".
Avisa que vai passar o resto da vida jurando que o mensalão não existiu e que sua condenação é injusta: "Não sou corrupto". Até aí, sem novidade. Nenhum preso, em sã consciência, diz o contrário. Mas ele não se faz de vítima política, de mártir do sistema, de santo perseguido pelo demônio Joaquim. Nem tem uma legião de militantes para atacar a Justiça como manobra para defendê-lo.
Aponta até uma "coisa positiva" em tudo isso: "Sempre se disse que prisão é para preto, pobre e pardo. Estamos vendo há algum tempo políticos e empresários presos. Isso mostra que a prisão é para todo mundo".
Como é médico, já tem até planos para passar o tempo entre as grades: vai cuidar dos outros presos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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