Segundo a parlamentar ítalo-brasileira Renata Bueno, ele obteve passaporte no consulado da Itália em Madri
Oficialmente a Itália não informa quando concedeu o documento, nem se o ex-diretor do BB está mesmo no país
ROMA - A fuga de Henrique Pizzolato para a Europa começou a ser urdida em 2010, ano em que ele obteve um novo passaporte no consulado da Itália em Madri, Espanha, enquanto o processo do mensalão corria no STF (Supremo Tribunal Federal).
A informação é da deputada ítalo-brasileira Renata Bueno com base em informações extraoficiais que ela obteve junto a fontes diplomáticas italianas.
Oficialmente, a Itália não informa quando concedeu o último passaporte a Pizzolato --que tem dupla cidadania-- nem confirma a presença dele no país.
O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil foi condenado a 12 anos e 7 meses de prisão e é considerado fugitivo pela Justiça brasileira desde o dia 15 de novembro.
"Para conseguir o novo passaporte, ele informou ao consulado da Itália em Madri que tinha residência fixa na Espanha. Isso mostra que ele já estava planejando fugir muito antes de ser condenado", afirmou Renata Bueno, em Roma.
Segundo a deputada, esse foi o último passaporte concedido pela Itália a Pizzolato. Seus passaportes brasileiro e italiano foram apreendidos por ordem do STF.
Procurado pela Folha, o Ministério das Relações Exteriores da Itália não informou se emitiu um novo passaporte ou um documento provisório para Pizzolato neste ano.
Mesmo com o passaporte apreendido ele poderia ter embarcado para a Europa com um salvo-conduto emitido por representações diplomáticas. Isso é comum para repatriar cidadãos que perdem ou têm passaporte roubado em viagens ao exterior.
Com base em suas fontes, Renata Bueno diz que Pizzolato não procurou os consulados italianos em Assunção (Paraguai) e Buenos Aires (Argentina) --cidades do suposto roteiro da fuga.
Um diplomata italiano consultado pela Folha em Roma pôs em dúvida que o passaporte de Pizzolato tenha realmente sido apreendido pela Justiça brasileira, pois a Itália não recebeu nenhuma comunicação oficial do confisco.
Passaportes pertencem ao governo que os emite, não aos seus portadores.
"Há muitos indícios de que o Pizzolato conseguiu ajuda de gente muito poderosa para fugir do Brasil e agora para se manter escondido", disse a deputada.
Brasiliense de nascimento, Renata Bueno foi eleita para a Câmara dos Deputados da Itália com votos de cidadãos daquele país na América do Sul. Ela é filha do deputado Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara, sigla de oposição ao governo petista.
Fora do sistema
Outra dúvida é em qual cidade europeia Pizzolato teria desembarcado. Amigos dizem que ele chegou a Paris e depois viajou para Roma.
As autoridades francesas não têm o registro da entrada dele. Na França, uma lei proíbe que sejam mantidos dados pessoais de passageiros que passam por controles de fronteiras, portos e aeroportos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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