Ex-presidente da UNE, político diz que violência no período teve início com ação de grupos de direita, e não de esquerda
Thiago Herdy - O Globo
SÃO PAULO - O ex-governador de São Paulo e ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), José Serra, disse nessa terça-feira considerar que um dos custos altos da ditadura brasileira foi a morte e o afastamento dos “melhores quadros” da política brasileira, em função do golpe de 1964.
- O fechamento da política brasileira acabou trazendo um prejuízo enorme. Os seus melhores quadros ou foram presos, ou perseguidos, torturados, mortos; ou simplesmente se afastaram da política, deixaram a política. Isso foi um custo muito alto do período da ditadura - disse Serra, durante sessão da Comissão Municipal da Verdade de São Paulo que lembrou os 50 anos do golpe.
Para Serra, o uso da violência em meio ao embate entre correntes políticas no país não teria partido de grupos de esquerda, como apregoavam os defensores do regime, mas dos setores de direita e “forças golpistas”.
- A violência no Brasil começou por causa do golpe. Quem praticou a violência, quem fechou os caminhos da democracia e gerou a violência posterior foram as forças golpistas - disse.
De acordo com o político, antes de 1964 não havia por parte da população qualquer tipo de “preparo para a luta armada, ou para a organização de atentados”:
- Eu era presidente da UNE. É óbvio que, se houvesse esse preparo, eu tomaria conhecimento - afirmou o político, que na época do golpe tinha 22 anos e passou 14 anos no exílio.
Antes da sessão, o presidente da Comissão, o vereador Gilberto Natalini (PV-SP), solicitou que fossem executados trechos de entrevista de Serra à Rádio Nacional na véspera do golpe. Na época, Serra defendeu o “respeito às liberdade democráticas estudantis e sindicais em todo país” e atacou os governadores de Minas e São Paulo, por apoiarem os atos contra o presidente João Goulart.
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