Núcleo reeleitoral de Dilma e direção do PT montam operação para tentar lidar com crise na pré-campanha paulista
Vera Rosa , Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A campanha do PT em São Paulo aflige o Planalto. A preocupação não é apenas com o socorro do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-candidato do partido à cadeira do governador Geraldo Alckmin (PSDB), mas com a blindagem da presidente Dilma Rousseff no maior colégio eleitoral do País.
A Polícia Federal levantou a suspeitas sobre Padilha após interceptar mensagens telefônicas trocadas entre o deputado licenciado André Vargas (PR) e o doleiro Alberto Youssef, acusado de liderar esquema de lavagem de dinheiro que usava, entre outras empresas, o laboratório Labogen. Em uma das mensagens, Vargas sugere o nome de um ex-funcionário do Ministério da Saúde para ocupar um cargo no laboratório e diz que foi Padilha quem o indicou - naquela época, em novembro, o Labogen tentava fechar um negócio de R$ 6,2 milhões ao ano com a pasta comandada por Padilha.
Anteontem, o pré-candidato ao governo paulista decidiu vir a público para negar com veemência que tenha indicado o ex-assessor para o laboratório.
Pressionado, Vargas pediu a sua desfiliação do PT - ele ainda tenta manter o mandato.
O plano de reação prevê nova ofensiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no palanque paulista, em caravanas pelo interior, após o Encontro Nacional do PT, em 2 e 3 de maio, quando a sigla aprovará as diretrizes do programa de governo de Dilma.
O evento ocorrerá em São Paulo com a presença de Lula, Dilma e Padilha. O PT quer aproveitar o encontro para mostrar unidade diante da crise.
Ontem, ao lado do presidente do PT, Rui Falcão, Padilha recebeu apoio de dirigentes do PC do B. A sigla vai indicar um suplente ao Senado na chapa do PT. "O jogo tem que ser jogado no campo. Nós não vamos aceitar que o jogo seja ganho no tapetão", disse o presidente estadual do PC do B, Orlando Silva, que foi ministro do Esporte e deixou a pasta após denúncias de irregularidades. O presidente nacional da sigla, Renato Rabelo, afirmou que há vazamento de "informações escolhidas e selecionadas" das investigações da Operação Lava Jato.
Marcas. As últimas pesquisas encomendadas por João Santana, marqueteiro de Dilma, assustaram a coordenação da campanha. As sondagens revelam que muitos eleitores não enxergam a ação do Estado em programas sociais do governo, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, por exemplo.
Para a maioria dos entrevistados, a melhoria de vida é fruto de esforço próprio. Agora, Dilma e Lula vão tentar colar essas marcas ao governo e uma delas, a do Mais Médicos, será sempre associada a Padilha. Com discurso voltado para a nova classe média, o PT procurará vender a ideia de um "país de oportunidades".
A eleição em São Paulo merece atenção redobrada, na avaliação de integrantes do governo. Para eles, tudo está conspirando contra o PT no Estado e isso poderia causar mais desgaste à campanha num momento em que o Planalto está na mira da CPI da Petrobrás./ Colaborou Ricardo Chapola
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