Por Thiago Resende e Raphael Di Cunto – Valor Econômico
BRASÍLIA - O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rejeitou nesta terça-feira, em coletiva de imprensa, a possibilidade de renunciar ao cargo no comando da Casa e de fazer delação premiada. “Como vocês viram, não renunciei. Minha disposição não mudou uma vírgula em relação a esse assunto”, afirmou.
O pemedebista ainda repetiu o discurso de que não pretende fazer delação premiada porque não cometeu nenhum crime e, portanto, não tem o que delatar. “Nunca cometi qualquer crime, não tenho o que delatar nem a mim nem de terceiros”, disse.
Cunha convocou a coletiva de imprensa, segundo ele, por avaliar que o longo período sem dar entrevistas – não falava desde 19 de maio – prejudicou sua versão dos fatos. Ao longo de quase uma hora e meia, o presidente afastado fez um balanço de sua gestão no comando da Casa, de seu histórico de parlamentar e das “nulidades” em todo seu processo de cassação e em investigações que teriam sido direcionadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Balanço
Cunha chamou a imprensa porque se sente prejudicado por não dar mais entrevistas depois que foi afastado do cargo. Ele fez um extenso balanço de sua gestão no comando da Casa e das disputas com o PT em seus quatro mandatos de deputado federal na coletiva de imprensa em um hotel de Brasília. Alguas pessoas protestaram em frente ao hotel com buzinas.
Cunha disse que, em sua gestão, houve corte de gastos e recorde de projetos votados, incluindo tudo que o governo mandou. Não houve, na sua versão, aprovação ou ameaça de aprovação de uma pauta-bomba. “Não vejo na Câmara esse conjunto de irresponsáveis que a presidente afastada quis colocar na testa”, afirmou em discurso.
O pemedebista voltou a dizer que não mentiu à CPI da Petrobras sobre possuir conta corrente no exterior com movimentação em seu nome e afirmou que a disputa pela presidência do Conselho de Ética da Câmara deixou sequelas com o presidente eleito, deputado José Carlos Araújo (PR-BA) – que trabalhou para aprovar sua cassação – e o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), acusado nos bastidores de ter apoio de Cunha.
“Não interferi. E consequentemente acabei ficando com sequelas de todos os lados que achavam que eu tinha que ter ajudado cada um deles”, disse o presidente afastado.
Apenas dois deputados acompanharam a coletiva: Saraiva Felipe (PMDB-MG), ex-ministro da Saúde no governo Luiz Inácio Lula da Silva, e Mauro Lopes (PMDB-MG), ex-ministro da Aviação Civil de Dilma.
Sem a companhia de aliados, Cunha disse no início da sua fala que convocou a imprensa porque quer prestar satisfações e se expor ao debate. O pemedebista avaliou que, por estar afastado, se distanciou da mídia, o que o teria prejudicado. “Há um nítido cerceamento de defesa em alguns pontos e a falta de comunicação é um deles”, declarou.
O presidente afastado da Câmara afirmou ainda ser importante “voltar a falar” e reclamou do tratamento de veículos de imprensa, que, segundo ele, procuram a versão do deputado afastado somente depois que a reportagem já está “fechada”.
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