- O Globo
Há uma crise latente na área econômica, derivada da crise política. Um integrante da equipe econômica me disse que se o governo quiser propor uma emenda constitucional para retirar os investimentos no teto de gastos haverá uma reação. “Se isso acontecer, todo mundo sai”.
Esse é o caminho que está sendo arquitetado para que o governo siga adiante com o plano Pró-Brasil. Para sair do papel, o plano exigiria ampliar investimentos com recursos públicos. Isso só seria possível, no período pós-pandemia, se houvesse uma PEC criando essa alteração na emenda do teto de gastos.
Esse é o ponto que pode detonar mais uma bomba no governo Bolsonaro, mas hoje já há um clima muito ruim. A semana passada foi considerada muito ruim também na economia. Da perspectiva da equipe, a crise da saída do ex-ministro Sergio Moro levantou dúvidas sobre a força do ministro da Economia, Paulo Guedes. A dúvida é se o ministro continua tendo o “apoio incondicional” do presidente da República:
– Do nosso ponto de vista, o que nos interessa é evitar que o cenário político contamine - mais do que já contaminou - a economia.
O Pró-Brasil, que é definido por eles como um “PND do governo civil”, produziu ruídos desnecessários. O ministro Paulo Guedes disse à equipe na quinta-feira e na sexta-feira que “não haverá mudança de rumo”.
Um sinal dessa mudança seria uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) mudando o teto de gastos para excluir os investimentos da contabilidade. Essa ideia tem sido defendida em outros ministérios, os mesmos que formularam o Pró-Brasil.
– Se fizer isso, o governo deixa claro a sua mudança de orientação. Se isso acontecer, todo mundo sai - disse um alto integrante da equipe econômica.
O que se avalia no Ministério da Economia que até agora o que há é apenas “desejo de setores do governo e de parte do centrão” de fazer essa ampliação de gastos, depois que passar a crise do coronavírus sob o argumento de que para retomar o crescimento será preciso aumentar o investimento público para induzir o investimento privado.
– Do nosso lado, o desafio é evitar a contaminação, mas o cenário já está mais adverso.
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