sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

O Estado e a insegurança pública. Por Antonio Cláudio Mariz de Oliveira

O Estado de S. Paulo

Reação estatal encobre a deficiência do sistema de Segurança Pública e dá a falsa impressão de que o Estado está ativo na impropriamente chamada ‘luta contra o crime’

É inacreditável, chega às raias da irracionalidade, a movimentação que o Estado brasileiro faz em face do crime, em especial aquele que abala a opinião pública. Basta uma retrospectiva para verificar a exatidão desse fato. Crime ocorrido, reação do Legislativo imediata, na forma de leis punitivas mais rigorosas. O Executivo as promulga e o Judiciário as cumpre, por vezes, mesmo que inconstitucionais.

Essa já histórica reação tem por objetivo lançar uma cortina de fumaça sobre o olhar da sociedade. Ela encobre a deficiência do sistema de Segurança Pública e passa a dar a falsa impressão de que o Estado está ativo na impropriamente chamada “luta contra o crime”.

Ensinem os filhos a não atropelar meninas. Por Raquel Landim

O Estado de S. Paulo

Na véspera do Natal, morreu Tainara Souza Santos, aos 31 anos, mãe de dois filhos, vítima de feminicídio. Ela sofreu por quase um mês, após ter sido atropelada e arrastada por quase um quilômetro na Marginal do Tietê, ter as duas pernas amputadas e passar por diversas cirurgias.

O nome do assassino é Douglas Alves da Silva. Ele não nega o atropelamento, só diz que não tinha relacionamento com a vítima. O caso é brutal, mas está longe de ser isolado. O Brasil registrou 1.492 feminicídios em 2024, o maior número desde que o crime foi tipificado em 2015. É uma média de quatro mulheres assassinadas todos os dias. É uma epidemia.

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Lula quer fazer diplomacia com dinheiro do BNDES

Por O Globo

Era incensada por ele foi período de escândalos de corrupção e calotes cobertos com recursos do contribuinte

Na visita que fez a Moçambique no final de novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou “estar trabalhando” para que o BNDES volte a financiar a “internacionalização” de empresas brasileiras. Na prática, Lula deseja a volta dos anos em que empreiteiras brasileiras, estimuladas pelo governo, lançaram-se a executar projetos em Cuba, Moçambique ou Angola, com financiamento do BNDES. Várias dessas operações, realizadas em seus dois primeiros mandatos e na gestão Dilma Rousseff, resultaram em calotes, bancados pelo Tesouro — ou seja, pelo contribuinte.

A era incensada por Lula foi também um período de escândalos de corrupção envolvendo essas empreiteiras, desmascarados pela Operação Lava-Jato. Denúncias de pagamento de propinas no exterior, em torno de projetos financiados pelo Brasil, causaram crises políticas profundas nos países onde as empreiteiras brasileiras atuavam. No Peru, dois ex-presidentes — Alejandro Toledo e Ollanta Humala — foram condenados por receber propina da Odebrecht. Na gestão Toledo, o alvo da empreiteira era o projeto de construção de trechos da rodovia Interoceânica Sul. Com Humala, Odebrecht e OAS eram as fontes do financiamento ilegal de campanhas. Outro presidente peruano, Alan Garcia, foi investigado sob a acusação de receber propinas para favorecer a Odebrecht, mas se matou em 2019, quando sua prisão preventiva foi decretada.

Lula poderia acender uma vela para o dólar fraco e para o Banco Central. Por Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Inflação da comida caiu muito ao longo do ano, o que deu uma força ao prestígio do governo

Moeda fraca dos EUA, arrocho de juros, queda do preço mundial da comida e China ajudaram

inflação da comida chegou 8,8% ao ano em dezembro de 2024. Ficou entre 7% e 8% de outubro do ano passado a maio deste 2025. Terminou o ano em menos de 2%, na medida do IPCA-15. Deve ficar pouco acima de 1%, na medida do IPCA, que sai em janeiro.

Quem sabe no Natal o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha feito um agradecimento pela baixa mundial do dólar e do preço da comida e ao Banco Central, que contribuíram para conter o preço dos alimentos e a inflação em geral.

No primeiro semestre a popularidade de Lula raspava no fundo do tacho e a oposição dava tapas e rasteiras no governo. A campanha da direita com mentiras sobre o pix e impostos sangrara o prestígio presidencial em janeiro. A carestia fazia uma outra parte do estrago.

Lula deixa direita no chinelo, mas erros vão ser cobrados. Por Marcos Augusto Gonçalves

Folha de S. Paulo

Correios, escândalo do INSS e contas públicas são problemas do governo que estarão presentes na eleição de 2026

Presidente tem acertos e vai bem em pesquisas, mas se não sinalizar correções poderá ser ameaçado até por candidatura biruta

Embora as pesquisas de intenção de voto mostrem que Lula vai deixando, em todos os sentidos, a direita no chinelo, o governo, com méritos a reconhecer, está longe de ser uma maravilha —como mencionei na coluna passada ao comentar problemas do chamado mercado e da oposição no cenário para 2026.

Mesmo entre progressistas, alguns equívocos de Lula 3 chamam a atenção. São conhecidas, por exemplo, as reações ao descaso do presidente em relação à diversidade, com a escassa indicação de negros e mulheres para funções de maior destaque. Ambientalistas também têm seus motivos para críticas, caso da polêmica exploração de petróleo na Foz do Amazonas, para ficar no mais clamoroso.

Lula critica, mas cede ao Congresso. Por Dora Kramer

Folha de S. Paulo

O presidente condena volume de emendas, mas aceita o aumento do valor em troca de folga fiscal no Orçamento

Se há motivo de revolta contra atos do Legislativo, há também razão para desconfiar da boa-fé dos ataques do Executivo

Mobilizações populares são bem-vindas, úteis e diria mesmo indispensáveis quando é o caso defender a legalidade, preservar ou reivindicar direitos ou protestar contra abusos do poder público em quaisquer instâncias da República.

Mas há sempre o risco de a massa se prestar a manobras de cunho político/eleitoral. Convém, portanto, aos frequentadores desses eventos cívicos avaliar se os legítimos pleitos estarão ou não a serviço de um grupo específico.

A jornalista e o juiz. Por Alex Solnik

Justiça não aceita “off”

Minha colega de profissão, Malu Gaspar, tem todo o direito de afirmar, sem provas, que nas conversas entre o Juíz Alexandre de Moraes e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, houve menção ao Banco Master. O “off” é permitido nas regras do Jornalismo. Os jornalistas são protegidos pelo “segredo da fonte”.

Para a Justiça, no entanto, as regras são outras. Não há “off”, nem “segredo da fonte”. Se Malu, uma hipótese, disser a um juíz que “uma fonte” lhe passou essa informação, ele vai perguntar, primeiramente: quem foi? Mas não só isso. Para a Justiça não basta dizer que Fulano disse isso. O juíz vai perguntar: que provas o Fulano tem? Há uma gravação? Há uma mensagem de texto?

A Justiça trabalha com provas concretas. Ninguém pode ser condenado porque Fulano disse isso ou aquilo. Se não provar.

O “furo” da Malu não tem valor jurídico. Começa e termina nas páginas do jornal. Vira assunto de conversa, às vezes até brigas, não mais que isso.

De outra parte, tanto Galípolo quanto Moraes têm o direito de processar a jornalista por calúnia. E ela terá de mostrar as provas ou, se não as tiver, desmentir seu “furo” para se livrar da condenação."

Malu Gaspar, o Grupo Globo e a Folha: jogo jogado. Por Cláudio Guedes

A ofensiva deste "lacerdismo tardio" procura criar um clima de inquietação no país, além dos momentos de alta tensão após o julgamento e a condenação dos golpistas, e a tentativa de anulação do processo no Congresso Nacional.

Buscam uma Lava-Jato 2. O objetivo é quebrar o STF, logo após o tribunal se afirmar como guardião da Constituição e da Democracia. 

Em seguida, criar um novo quadro, de país à deriva, para as eleições do ano que vem.

Nada de novo, no ataque às instituições, na pauta a reciclada e velha bandeira de combate à "corrupção". Reúne quase os mesmos operadores do passado. 

Poesia | Manuel Bandeira - Vou me embora pra Pasárgada

 

Música | Velho ateu, por Roberto Riberti