DEU EM O GLOBO
Ex-ministro reage duramente a FH; Lula tenta neutralizar sua influência no governo
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. Em mais uma amostra de que tem tomado a frente em negociações e alianças do PT pelo país, o ex-chefe da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu usou seu blog para sair em defesa do governo depois do artigo dominical do expresidente Fernando Henrique com críticas à pré-candidata petista, Dilma Rousseff.
“Então a campanha vai ser com FHC? Mas os tucanos, governadorescandidatos, Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), não teriam como explicar? (...) O ex-presidente se sente na obrigação de defender seu governo, tão mal avaliado pelos brasileiros; (...) precisa urgentemente levantar a militância tucana e sua base social tão desmobilizada pelos escândalos do PSDB do RS, SC e SP, e de seu aliado, o DEM-Brasília”.
Dirceu diz que Fernando Henrique assume o posto de “chefe” da campanha com os governos de José Serra e Gilberto Kassab “acuados”, vivendo um momento de crise em São Paulo. E que Aécio Neves está “entrincheirado nas montanhas de Minas sob o risco de enfrentar uma aliança PT-PMDB com (o vice-presidente) Zé Alencar candidato a governador”.
Para Dirceu, FH tenta polarizar com Lula e desqualificar Dilma para mobilizar seu partido, mas a tática confirma o caráter plebiscitário das eleições. “É por isso que Serra está quieto, como se não fosse com ele. Sabe — e sente — que a intervenção do ex-presidente e do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) são tiros no pé, o chamado fogo amigo”, escreveu.
Por determinação do presidente Lula, emissários petistas trabalham para esvaziar a influência de Dirceu no PT e no governo.
A tentativa foi definida depois da constatação de que sua movimentação pelo país para tratar de alianças em favor de Dilma tem causado problemas.
Lula reconhece nos bastidores que Dirceu é um mal necessário. O ex-ministro mantém influência sobre 30% do diretório nacional do PT e interlocução com petistas em postos estratégicos, inclusive no gabinete presidencial. Tem deputados fiéis, além de guardar na memória o histórico dos primeiros anos do governo.
Um ministro resumiu: — Em qualquer circunstância é melhor tê-lo como aliado, mesmo causando problema, que distante. Como inimigo, pode ser um problema maior.
O movimento para desautorizar articulações de Dirceu ganhou força depois da passagem dele pelo Ceará, quando criou atritos com o deputado Ciro Gomes (PSB).
Dirceu sugeriu que o PT cearense poderia retirar o apoio à reeleição do governador Cid Gomes (PSB, caso Ciro insistisse na candidatura presidencial.
Ciro chamou o petista de golpista.
Lula mandou um recado ao PT e ao primeiro escalão do governo: Dirceu não fala pelo partido, pelos ministros e muito menos por ele. Com essa recomendação, o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, desautorizou articulação de Dirceu no Pará para aproximar o PT do PMDB de Jader Barbalho, como noticiou a coluna Panorama Político, do GLOBO.
— Dirceu não resolve tudo. Não tem esse poder. É dirigente do partido, mas nem está na Executiva. Não tem mandato para resolver essas questões — disse Dutra.
Dilma afirmou a um grupo reservado que é lenda a informação de que seu antecessor tem influência no PT e no governo.
Diz que a influência dele no governo é quase nada. Mas incomoda a muitos a linha direta dele com o primeiro escalão.
Um ministro diz que ele usa informação de governo para fazer negócios e se apresentar como interlocutor de Lula.
Causou preocupação a notícia de que ele falou com integrantes do governo português para avisar que o governo Lula não tinha preferência por qualquer grupo brasileiro que disputava a compra de ações da cimenteira portuguesa Cimpor. Ontem, o Planalto também não gostou de ver Dirceu anunciar no blog que estava em Havana, destino de Lula no fim do mês.
— Os negócios são todos por conta dele.
Mas, se ele liga para um ministro e recebe retorno, pode estar fazendo negócio.
Ele usa o fato de ter sido o chefe da Casa Civil para ter acesso e informação — resume um auxiliar do presidente Lula
Ex-ministro reage duramente a FH; Lula tenta neutralizar sua influência no governo
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. Em mais uma amostra de que tem tomado a frente em negociações e alianças do PT pelo país, o ex-chefe da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu usou seu blog para sair em defesa do governo depois do artigo dominical do expresidente Fernando Henrique com críticas à pré-candidata petista, Dilma Rousseff.
“Então a campanha vai ser com FHC? Mas os tucanos, governadorescandidatos, Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), não teriam como explicar? (...) O ex-presidente se sente na obrigação de defender seu governo, tão mal avaliado pelos brasileiros; (...) precisa urgentemente levantar a militância tucana e sua base social tão desmobilizada pelos escândalos do PSDB do RS, SC e SP, e de seu aliado, o DEM-Brasília”.
Dirceu diz que Fernando Henrique assume o posto de “chefe” da campanha com os governos de José Serra e Gilberto Kassab “acuados”, vivendo um momento de crise em São Paulo. E que Aécio Neves está “entrincheirado nas montanhas de Minas sob o risco de enfrentar uma aliança PT-PMDB com (o vice-presidente) Zé Alencar candidato a governador”.
Para Dirceu, FH tenta polarizar com Lula e desqualificar Dilma para mobilizar seu partido, mas a tática confirma o caráter plebiscitário das eleições. “É por isso que Serra está quieto, como se não fosse com ele. Sabe — e sente — que a intervenção do ex-presidente e do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) são tiros no pé, o chamado fogo amigo”, escreveu.
Por determinação do presidente Lula, emissários petistas trabalham para esvaziar a influência de Dirceu no PT e no governo.
A tentativa foi definida depois da constatação de que sua movimentação pelo país para tratar de alianças em favor de Dilma tem causado problemas.
Lula reconhece nos bastidores que Dirceu é um mal necessário. O ex-ministro mantém influência sobre 30% do diretório nacional do PT e interlocução com petistas em postos estratégicos, inclusive no gabinete presidencial. Tem deputados fiéis, além de guardar na memória o histórico dos primeiros anos do governo.
Um ministro resumiu: — Em qualquer circunstância é melhor tê-lo como aliado, mesmo causando problema, que distante. Como inimigo, pode ser um problema maior.
O movimento para desautorizar articulações de Dirceu ganhou força depois da passagem dele pelo Ceará, quando criou atritos com o deputado Ciro Gomes (PSB).
Dirceu sugeriu que o PT cearense poderia retirar o apoio à reeleição do governador Cid Gomes (PSB, caso Ciro insistisse na candidatura presidencial.
Ciro chamou o petista de golpista.
Lula mandou um recado ao PT e ao primeiro escalão do governo: Dirceu não fala pelo partido, pelos ministros e muito menos por ele. Com essa recomendação, o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, desautorizou articulação de Dirceu no Pará para aproximar o PT do PMDB de Jader Barbalho, como noticiou a coluna Panorama Político, do GLOBO.
— Dirceu não resolve tudo. Não tem esse poder. É dirigente do partido, mas nem está na Executiva. Não tem mandato para resolver essas questões — disse Dutra.
Dilma afirmou a um grupo reservado que é lenda a informação de que seu antecessor tem influência no PT e no governo.
Diz que a influência dele no governo é quase nada. Mas incomoda a muitos a linha direta dele com o primeiro escalão.
Um ministro diz que ele usa informação de governo para fazer negócios e se apresentar como interlocutor de Lula.
Causou preocupação a notícia de que ele falou com integrantes do governo português para avisar que o governo Lula não tinha preferência por qualquer grupo brasileiro que disputava a compra de ações da cimenteira portuguesa Cimpor. Ontem, o Planalto também não gostou de ver Dirceu anunciar no blog que estava em Havana, destino de Lula no fim do mês.
— Os negócios são todos por conta dele.
Mas, se ele liga para um ministro e recebe retorno, pode estar fazendo negócio.
Ele usa o fato de ter sido o chefe da Casa Civil para ter acesso e informação — resume um auxiliar do presidente Lula
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