DEU EM O GLOBO
Wagner Gomes e Carolina Benevides
SÃO PAULO e RIO. Ao criticar a capacidade de liderança da ministra Dilma Rousseff, o expresidente Fernando Henrique assume um vazio na articulação do governador José Serra (PSDB) para a campanha presidencial deste ano, analisaram especialistas ouvidos pelo GLOBO.
Roberto Romano, professor de ética e política da Unicamp, diz que FH parte para o ataque para cobrir uma falha de estratégia do PSDB nesta campanha. Segundo ele, Fernando Henrique tenta proteger o partido e seus dois governos ao perceber a falta de coordenação dos tucanos.
— Há um vácuo na campanha tucana que acaba sendo assumido por Fernando Henrique, até porque ele precisa defender o seu governo, sempre muito criticado por Lula.
FH não é político de fulanizar, ele prefere o discurso teórico e intelectual. O problema é que falta alguém no PSDB pronto a polemizar com o presidente Lula — diz Romano.
O professor da Unicamp diz que é de se esperar “novos ataques de fúria” de Fernando Henrique, até que José Serra se decida oficialmente pela candidatura e passe a fazer críticas duras ao atual governo. Para Romano, caso Serra continue silencioso diante das críticas de Lula, pode parecer que o candidato do PSDB à sucessão não tem tanta força para assumir uma campanha como esta.
— É preocupante o padrinho de Serra ter que vir constantemente a público defender o seu governo. O tempo pode passar, e o PSDB pode não conseguir revidar os ataques do atual governo. O pescador precisa saber o momento exato para lançar a rede e fisgar o peixe mdash; diz Romano.
Para Marco Antonio Vila, historiador da Universidade Federal de São Carlos, desde que deixou o governo, Fernando Henrique não encontrou uma pessoa que pudesse defendêlo dos ataques do PT: — O presidente Lula, desde o início do seu governo, diz que recebeu uma herança maldita de Fernando Henrique. Ele falou o que quis sem nunca ter uma resposta à altura da oposição.
Lula encontrou uma oposição que não sabe se defender e voou em céu de brigadeiro durante todos esses anos.
Para o professor de sociologia da Unicamp Ricardo Antunes, o PSDB se mostrou com pouca capacidade de se defender das críticas do atual governo, o que levou Fernando Henrique a tomar uma postura mais agressiva em relação a Lula.
— Fernando Henrique sabe que a ausência de um candidato oficial do PSDB só fortalece a ministra Dilma. A prova disse é que a candidata de Lula cada vez mais sobe nas pesquisas eleitorais — afirma Antunes.
Outros vêem um fato positivo para a campanha de Serra: — FH ajuda a construir a imagem de Serra e permite que o governador de SP continue esperando o melhor momento para aparecer. Ele vem sendo poupado porque todos sabem que a artilharia vai ser pesada na hora em que assumir que é candidato — diz Ricardo Ismael, professor de Ciência Política da PUC-RJ.
Para Ricardo, Serra corre o risco de já ter perdido o momento certo de assumir que concorrerá à sucessão: — A imagem da Dilma como estadista está sendo construída. A estratégia de poupá-lo é boa, já que Serra lidera as pesquisas, mas o partido não pode esquecer que a campanha começou
Wagner Gomes e Carolina Benevides
SÃO PAULO e RIO. Ao criticar a capacidade de liderança da ministra Dilma Rousseff, o expresidente Fernando Henrique assume um vazio na articulação do governador José Serra (PSDB) para a campanha presidencial deste ano, analisaram especialistas ouvidos pelo GLOBO.
Roberto Romano, professor de ética e política da Unicamp, diz que FH parte para o ataque para cobrir uma falha de estratégia do PSDB nesta campanha. Segundo ele, Fernando Henrique tenta proteger o partido e seus dois governos ao perceber a falta de coordenação dos tucanos.
— Há um vácuo na campanha tucana que acaba sendo assumido por Fernando Henrique, até porque ele precisa defender o seu governo, sempre muito criticado por Lula.
FH não é político de fulanizar, ele prefere o discurso teórico e intelectual. O problema é que falta alguém no PSDB pronto a polemizar com o presidente Lula — diz Romano.
O professor da Unicamp diz que é de se esperar “novos ataques de fúria” de Fernando Henrique, até que José Serra se decida oficialmente pela candidatura e passe a fazer críticas duras ao atual governo. Para Romano, caso Serra continue silencioso diante das críticas de Lula, pode parecer que o candidato do PSDB à sucessão não tem tanta força para assumir uma campanha como esta.
— É preocupante o padrinho de Serra ter que vir constantemente a público defender o seu governo. O tempo pode passar, e o PSDB pode não conseguir revidar os ataques do atual governo. O pescador precisa saber o momento exato para lançar a rede e fisgar o peixe mdash; diz Romano.
Para Marco Antonio Vila, historiador da Universidade Federal de São Carlos, desde que deixou o governo, Fernando Henrique não encontrou uma pessoa que pudesse defendêlo dos ataques do PT: — O presidente Lula, desde o início do seu governo, diz que recebeu uma herança maldita de Fernando Henrique. Ele falou o que quis sem nunca ter uma resposta à altura da oposição.
Lula encontrou uma oposição que não sabe se defender e voou em céu de brigadeiro durante todos esses anos.
Para o professor de sociologia da Unicamp Ricardo Antunes, o PSDB se mostrou com pouca capacidade de se defender das críticas do atual governo, o que levou Fernando Henrique a tomar uma postura mais agressiva em relação a Lula.
— Fernando Henrique sabe que a ausência de um candidato oficial do PSDB só fortalece a ministra Dilma. A prova disse é que a candidata de Lula cada vez mais sobe nas pesquisas eleitorais — afirma Antunes.
Outros vêem um fato positivo para a campanha de Serra: — FH ajuda a construir a imagem de Serra e permite que o governador de SP continue esperando o melhor momento para aparecer. Ele vem sendo poupado porque todos sabem que a artilharia vai ser pesada na hora em que assumir que é candidato — diz Ricardo Ismael, professor de Ciência Política da PUC-RJ.
Para Ricardo, Serra corre o risco de já ter perdido o momento certo de assumir que concorrerá à sucessão: — A imagem da Dilma como estadista está sendo construída. A estratégia de poupá-lo é boa, já que Serra lidera as pesquisas, mas o partido não pode esquecer que a campanha começou
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