DEU EM O GLOBO
Portugal, Espanha e Irlanda também terão ajuda; FMI amplia crédito para US$ 130 bi
Sob temores de que a crise grega contagie outras economias da região, a União Europeia (UE) aprovou ontem um pacote de socorro de US$ 650 bilhões a países da zona do euro em dificuldades financeiras, como Portugal, Espanha e Irlanda. O acordo prevê empréstimos e garantias de crédito no valor de US$ 572 bilhões e um fundo de estabilização de US$ 78 bilhões. Além disso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) fará uma extensão de crédito de US$ 130 bilhões, além dos US$ 39 bilhões para a Grécia, acertados na semana passada e aprovados ontem pela diretoria do organismo. As notícias sobre o acordo levaram otimismo a investidores, após uma semana de forte turbulência. Na abertura dos mercados asiáticos hoje, o euro subiu quase 2% frente ao dólar. Ontem foi a vez de a Espanha anunciar um corte adicional em seus gastos de US$ 19,5 bilhões. Portugal e Grécia também já divulgaram planos de austeridade fiscal. O pacote grego vem gerando pesados protestos no pais e levando insegurança ao dia a dia da população.
US$ 940 bi para conter crise na UE
Ministros e FMI aprovam pacote de urgência. BCE comprará títulos de países em dificuldade
Da Bloomberg News*
BRUXELAS - Os ministros de Finanças da União Europeia (UE) aprovaram ontem um mecanismo de ajuda de US$ 650 bilhões (C 500 bilhões), para evitar que a crise fiscal da Grécia se espalhe por outros países da zona do euro. O esforço dos ministros repercutiu positivamente na abertura dos mercados na Ásia. Segundo a ministra de Finanças da Espanha, Elena Salgado, o acordo prevê financiamentos e garantias de empréstimos dos países da zona do euro no valor de US$ 572 bilhões (C 440 bilhões); um fundo de estabilização de US$ 78 bilhões (C 60 bilhões). Além disso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) faria uma extensão de crédito de US$ 290 bilhões (C 220 bilhões), o que, somado ao pacote da UE, totaliza US$ 940 bilhões (C 720 bilhões).
— Estamos colocando considerável soma em defesa da estabilidade na Europa — disse Elena, após reunião de 14 horas dos ministros de Finanças da UE.
Em outra decisão importante, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou ontem à noite que vai comprar títulos dos governos dos países do bloco que estão pagando altos juros para vender seus papéis ao mercado.
Já o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou um programa para enviar dólares para a Europa, para ajudar a conter a crise. Também estão envolvidos na iniciativa os BCs de Canadá, Inglaterra e Suíça.
No sábado, autoridades do bloco europeu se comprometeram a defender o euro de ataques especulativos e evitar um contágio da crise. Fontes da UE disseram ontem que a Alemanha, que enfrenta oposição interna contra a ajuda aos países em dificuldade, resistia a um acordo que não colocasse limites sobre uma possível assistência financeira a nações como Portugal, Espanha ou Irlanda. Os alemães também defenderam a participação ativa do FMI no processo.
Bolsa de Tóquio e euro abrem em alta
Em linha com as negociações em Bruxelas, o FMI anunciou ontem que sua diretoria aprovou o empréstimo de US$ 39 bilhões à Grécia, referentes à parte que cabe à instituição dentro do pacote de US$ 143 bilhões acertado no último dia 2 de maio. Em uma breve declaração após uma reunião de quase três horas, a diretoria do FMI disse que o programa de empréstimo vale por um período de três anos. Os demais US$ 104 bilhões do pacote virão dos países da UE. O FMI disse ainda que cerca de US$ 7,15 bilhões estão disponíveis para a Grécia imediatamente, dentro do plano de desembolsar US$ 13 bilhões para o país este ano.
A Grécia tem uma dívida de mais de 115% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) e um déficit fiscal de 13,6% do PIB, quando o teto da UE é apenas 3% do PIB. O pacote da UE-FMI, que entra em vigor em 19 de maio, visa a ajudar Atenas satisfazer as necessidades de financiamento.
“A forte ação de hoje pelo FMI para apoiar a Grécia contribuirá para os esforços internacionais em andamento para ajudar a trazer estabilidade para a zona do euro e assegurar a recuperação econômica global”, disse o diretor-gerente, Dominique Strauss-Kahn em comunicado.
O acordo da UE ocorre depois de uma semana de forte turbulência nos mercados financeiros diante dos temores de um contágio da crise grega não só entre países europeus, mas envolvendo também nações com alto déficit público. Nesse caso, a perspectiva de a crise ganhar contornos globais levou pânico aos investidores.
Vários analistas criticaram a morosidade dos governos europeus na reação à crise fiscal grega, permitindo que sinais de contágio aparecessem em Portugal e Espanha, através de movimentos especulativos nos mercados financeiros.
Na sexta-feira, depois de um dia de forte queda nos mercados globais, os líderes europeus sinalizaram um entendimento, através de uma reunião convocada de emergência.
Por telefone, o presidente americano, Barack Obama, conversou com líderes europeus, como a chanceler Angela Merkel, da Alemanha, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy. Obama prometeu apoiar a decisão europeia.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro português, José Sócrates, anunciou que reduzirá o déficit fiscal além do previsto neste ano, para 7,3% do PIB. Ontem foi a vez da Espanha anunciar um corte adicional de US$ 19,5 bilhões de seu déficit, para 9,3% do PIB, este ano, e 6,5%, em 2011. No total, o corte equivale a 1,5 ponto percentual a menos da previsão anterior.
A notícia do pacote ajudou o euro na abertura dos mercados hoje, na Ásia. A moeda comum europeia avançou quase 2% ante o dólar e 3%, contra o iene. No mercado de ações, a Bolsa de Tóquio abriu em alta de 0,5%; a de Sydney subiu 1,4%; e a da Coreia do Sul, 1,4%. Já o ouro caiu 0,7% na abertura do mercado em Sydney.
(*) Com agências internacionais
Portugal, Espanha e Irlanda também terão ajuda; FMI amplia crédito para US$ 130 bi
Sob temores de que a crise grega contagie outras economias da região, a União Europeia (UE) aprovou ontem um pacote de socorro de US$ 650 bilhões a países da zona do euro em dificuldades financeiras, como Portugal, Espanha e Irlanda. O acordo prevê empréstimos e garantias de crédito no valor de US$ 572 bilhões e um fundo de estabilização de US$ 78 bilhões. Além disso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) fará uma extensão de crédito de US$ 130 bilhões, além dos US$ 39 bilhões para a Grécia, acertados na semana passada e aprovados ontem pela diretoria do organismo. As notícias sobre o acordo levaram otimismo a investidores, após uma semana de forte turbulência. Na abertura dos mercados asiáticos hoje, o euro subiu quase 2% frente ao dólar. Ontem foi a vez de a Espanha anunciar um corte adicional em seus gastos de US$ 19,5 bilhões. Portugal e Grécia também já divulgaram planos de austeridade fiscal. O pacote grego vem gerando pesados protestos no pais e levando insegurança ao dia a dia da população.
US$ 940 bi para conter crise na UE
Ministros e FMI aprovam pacote de urgência. BCE comprará títulos de países em dificuldade
Da Bloomberg News*
BRUXELAS - Os ministros de Finanças da União Europeia (UE) aprovaram ontem um mecanismo de ajuda de US$ 650 bilhões (C 500 bilhões), para evitar que a crise fiscal da Grécia se espalhe por outros países da zona do euro. O esforço dos ministros repercutiu positivamente na abertura dos mercados na Ásia. Segundo a ministra de Finanças da Espanha, Elena Salgado, o acordo prevê financiamentos e garantias de empréstimos dos países da zona do euro no valor de US$ 572 bilhões (C 440 bilhões); um fundo de estabilização de US$ 78 bilhões (C 60 bilhões). Além disso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) faria uma extensão de crédito de US$ 290 bilhões (C 220 bilhões), o que, somado ao pacote da UE, totaliza US$ 940 bilhões (C 720 bilhões).
— Estamos colocando considerável soma em defesa da estabilidade na Europa — disse Elena, após reunião de 14 horas dos ministros de Finanças da UE.
Em outra decisão importante, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou ontem à noite que vai comprar títulos dos governos dos países do bloco que estão pagando altos juros para vender seus papéis ao mercado.
Já o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou um programa para enviar dólares para a Europa, para ajudar a conter a crise. Também estão envolvidos na iniciativa os BCs de Canadá, Inglaterra e Suíça.
No sábado, autoridades do bloco europeu se comprometeram a defender o euro de ataques especulativos e evitar um contágio da crise. Fontes da UE disseram ontem que a Alemanha, que enfrenta oposição interna contra a ajuda aos países em dificuldade, resistia a um acordo que não colocasse limites sobre uma possível assistência financeira a nações como Portugal, Espanha ou Irlanda. Os alemães também defenderam a participação ativa do FMI no processo.
Bolsa de Tóquio e euro abrem em alta
Em linha com as negociações em Bruxelas, o FMI anunciou ontem que sua diretoria aprovou o empréstimo de US$ 39 bilhões à Grécia, referentes à parte que cabe à instituição dentro do pacote de US$ 143 bilhões acertado no último dia 2 de maio. Em uma breve declaração após uma reunião de quase três horas, a diretoria do FMI disse que o programa de empréstimo vale por um período de três anos. Os demais US$ 104 bilhões do pacote virão dos países da UE. O FMI disse ainda que cerca de US$ 7,15 bilhões estão disponíveis para a Grécia imediatamente, dentro do plano de desembolsar US$ 13 bilhões para o país este ano.
A Grécia tem uma dívida de mais de 115% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) e um déficit fiscal de 13,6% do PIB, quando o teto da UE é apenas 3% do PIB. O pacote da UE-FMI, que entra em vigor em 19 de maio, visa a ajudar Atenas satisfazer as necessidades de financiamento.
“A forte ação de hoje pelo FMI para apoiar a Grécia contribuirá para os esforços internacionais em andamento para ajudar a trazer estabilidade para a zona do euro e assegurar a recuperação econômica global”, disse o diretor-gerente, Dominique Strauss-Kahn em comunicado.
O acordo da UE ocorre depois de uma semana de forte turbulência nos mercados financeiros diante dos temores de um contágio da crise grega não só entre países europeus, mas envolvendo também nações com alto déficit público. Nesse caso, a perspectiva de a crise ganhar contornos globais levou pânico aos investidores.
Vários analistas criticaram a morosidade dos governos europeus na reação à crise fiscal grega, permitindo que sinais de contágio aparecessem em Portugal e Espanha, através de movimentos especulativos nos mercados financeiros.
Na sexta-feira, depois de um dia de forte queda nos mercados globais, os líderes europeus sinalizaram um entendimento, através de uma reunião convocada de emergência.
Por telefone, o presidente americano, Barack Obama, conversou com líderes europeus, como a chanceler Angela Merkel, da Alemanha, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy. Obama prometeu apoiar a decisão europeia.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro português, José Sócrates, anunciou que reduzirá o déficit fiscal além do previsto neste ano, para 7,3% do PIB. Ontem foi a vez da Espanha anunciar um corte adicional de US$ 19,5 bilhões de seu déficit, para 9,3% do PIB, este ano, e 6,5%, em 2011. No total, o corte equivale a 1,5 ponto percentual a menos da previsão anterior.
A notícia do pacote ajudou o euro na abertura dos mercados hoje, na Ásia. A moeda comum europeia avançou quase 2% ante o dólar e 3%, contra o iene. No mercado de ações, a Bolsa de Tóquio abriu em alta de 0,5%; a de Sydney subiu 1,4%; e a da Coreia do Sul, 1,4%. Já o ouro caiu 0,7% na abertura do mercado em Sydney.
(*) Com agências internacionais
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