segunda-feira, 10 de maio de 2010

Uso do "medo" deve marcar campanhas, avalia publicitário

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O uso do medo -frequente nas campanhas eleitorais no país, desde a redemocratização- será uma das marcas da eleição presidencial deste ano, avalia o publicitário Antonio Lavareda, autor do livro "Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais", lançado no final do ano passado pela Objetiva.

Medo da mudança do que tem dado certo, tentará demarcar a campanha da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. Medo do despreparo e da inexperiência, replicará a do pré-candidato do PSDB, José Serra.

"A campanha de Dilma deve trabalhar sentimentos como o orgulho (em relação às conquistas do país), a compaixão (políticas de inclusão e distribuição de renda) e o entusiasmo", avalia Lavareda.

Por outro lado, "vai naturalmente tentar resgatar a aversão ao governo FHC. Vai trabalhar o medo da descontinuidade das políticas sociais", diz.

Por sua vez, "Serra deve usar o entusiasmo na categoria específica da esperança. O slogan "pode mais" vai nessa direção. Do ponto de vista da emoção negativa, é o medo em relação a uma candidata despreparada, que não é o Lula, que não está pronta", acredita ele.

Doutor em ciência política pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Lavareda estuda interface da neurociência com a política.

Com base na "neuropolítica", diz que o uso das emoções -como o medo- nas eleições é positivo e não pode ser confundido com manipulação. "As emoções, sobretudo as negativas, não entorpecem o eleitor. Elas podem melhorar a qualidade do voto, pois sentimentos como a ansiedade fazem as pessoas pensarem mais."

Em sentido reverso, diz ele, quando as coisas estão bem, o eleitor se caracteriza pelo entusiasmo, pela ausência de reflexão e pela manutenção. (PF e UM)

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