DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Roberto Lameirinhas
A noção de "terrorismo" ou "golpismo midiático" ganhou força em março de 2008, quando o governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, promoveu o 1.º Encontro Latino-Americano de Jornalistas contra o Terrorismo Midiático. A reunião foi convocada às pressas para o Centro Rómulo Gallegos, em Caracas, para servir como contraponto "bolivariano" à reunião semestral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que se realizava no mesmo fim de semana, no Hotel Caracas Palace, a cerca de 500 metros.
O fórum patrocinado pelo chavismo denunciava "a instrumentalização dos meios de comunicação privados por parte do império". Entre os integrantes da mesa, estavam o cubano Ernesto Vera e o brasileiro Beto Almeida, da Telesur - canal de notícias sul-americano do qual o Estado venezuelano é o maior acionista.
A tônica do encontro foi o ataque à "mídia burguesa", representada pela SIP, a quem os membros do fórum acusavam de ter-se tornado "um instrumento da CIA" para levar adiante uma grande conspiração contra os "governos progressistas" da região.
Vera antecipou-se a qualquer questionamento sobre a situação da liberdade de expressão em Cuba, afirmando que "o único jornalismo digno é o que atende aos interesses revolucionários e populares".
Pouco depois, o presidente da mesa, o venezuelano Freddy Fernández, da Agência Bolivariana Nacional, acrescentou que "a liberdade de imprensa não pode ser a liberdade dos meios", assumindo a lógica chavista que levara o governo, em maio de 2007, a não renovar a concessão da emissora Rádio Caracas Televisão (RCTV), a mais popular do país, que perdeu seu espaço no sinal aberto para a TVes, canal estatal de audiência baixíssima.
Partidários de Chávez argumentavam que jornais e emissoras de rádio e TV privados incitaram e apoiaram a frustrada tentativa de golpe contra o presidente em abril de 2002. A conclusão dos participantes do fórum foi a de que o Estado deveria impor uma legislação mais rigorosa para impedir a "propaganda reacionária" e ocupar mais efetivamente "a maior parte possível do espaço midiático" - por meio do surgimento de mais veículos estatais e comunitários.
Após o encontro, o Conselho Nacional de Telecomunicações (Conatel) deu início a um recadastramento das concessões de emissoras de rádio, tirando do ar cerca de uma centenas delas, e a classificar quais emissoras de TV por assinatura deveriam ser consideradas internacionais ou nacionais - que, portanto, estariam obrigadas a transmitir pronunciamentos do governo.
Roberto Lameirinhas
A noção de "terrorismo" ou "golpismo midiático" ganhou força em março de 2008, quando o governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, promoveu o 1.º Encontro Latino-Americano de Jornalistas contra o Terrorismo Midiático. A reunião foi convocada às pressas para o Centro Rómulo Gallegos, em Caracas, para servir como contraponto "bolivariano" à reunião semestral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que se realizava no mesmo fim de semana, no Hotel Caracas Palace, a cerca de 500 metros.
O fórum patrocinado pelo chavismo denunciava "a instrumentalização dos meios de comunicação privados por parte do império". Entre os integrantes da mesa, estavam o cubano Ernesto Vera e o brasileiro Beto Almeida, da Telesur - canal de notícias sul-americano do qual o Estado venezuelano é o maior acionista.
A tônica do encontro foi o ataque à "mídia burguesa", representada pela SIP, a quem os membros do fórum acusavam de ter-se tornado "um instrumento da CIA" para levar adiante uma grande conspiração contra os "governos progressistas" da região.
Vera antecipou-se a qualquer questionamento sobre a situação da liberdade de expressão em Cuba, afirmando que "o único jornalismo digno é o que atende aos interesses revolucionários e populares".
Pouco depois, o presidente da mesa, o venezuelano Freddy Fernández, da Agência Bolivariana Nacional, acrescentou que "a liberdade de imprensa não pode ser a liberdade dos meios", assumindo a lógica chavista que levara o governo, em maio de 2007, a não renovar a concessão da emissora Rádio Caracas Televisão (RCTV), a mais popular do país, que perdeu seu espaço no sinal aberto para a TVes, canal estatal de audiência baixíssima.
Partidários de Chávez argumentavam que jornais e emissoras de rádio e TV privados incitaram e apoiaram a frustrada tentativa de golpe contra o presidente em abril de 2002. A conclusão dos participantes do fórum foi a de que o Estado deveria impor uma legislação mais rigorosa para impedir a "propaganda reacionária" e ocupar mais efetivamente "a maior parte possível do espaço midiático" - por meio do surgimento de mais veículos estatais e comunitários.
Após o encontro, o Conselho Nacional de Telecomunicações (Conatel) deu início a um recadastramento das concessões de emissoras de rádio, tirando do ar cerca de uma centenas delas, e a classificar quais emissoras de TV por assinatura deveriam ser consideradas internacionais ou nacionais - que, portanto, estariam obrigadas a transmitir pronunciamentos do governo.
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